LIBERTADORES PALMEIRAS GRÊMIO Nos pés de Scarpa
Artilheiro do Verdão no ano e destaque na ida, meia tenta levar clube à semi da Libertadores
A 30 metros da meta gremista, Gustavo Scarpa se posicionou ao lado de Marcos Rocha, em cobrança de falta. Enquanto esperava o passe, o camisa 14 do Palmeiras olhava atentamente para o gol como se pudesse calcular a força e o jeito para superar Paulo Victor.
Bater na bola com precisão e fazer cálculos rápidos são habilidades que Scarpa carrega desde a infância. O goleiro do Grêmio foi o último a ter uma prova disso ao sofrer o gol da vitória do Verdão na ida das quartas de final da Libertadores.
Em seu melhor momento desde que foi contratado, em janeiro de 2018, o meia é o artilheiro da competição, com seis gols, da equipe no ano, com dez, e deixou o Palmeiras a um empate da semifinal, no duelo desta terça-feira (27), às 21h30, no Pacaembu.
Vitória gremista por 1 a 0 leva o jogo para os pênaltis. Os gaúchos avançam se vencerem por dois gols de diferença ou por um, desde que marquem dois.
O gol de fora da área virou uma especialidade da aposta de Scolari. Ele marcou três vezes assim na temporada —30% dos gols do clube de longa distância.
A precisão para bater bem na bola vem de família. Ao menos é o que jura José Luiz da Silva Scarpa, 60 anos, conhecido pelo apelido de seu Zezo, que diz ter moldado o talento do filho.
“Eu brinquei com a turma que veio falar comigo depois do gol que ele foi bem treinado, bem ensinado, desde criança”, diz.
Pai e filho costumavam correr atrás da bola nas quadras de Hortolândia, no interior de São Paulo, onde o meia passou a infância.
Aos 16 anos, Gustavo se tornou profissional no Desportivo Brasil. E, depois de uma derrapada na escola, passou a levar os estudos mais a sério.
Fã de leitura, tem Machado de Assis e Franz Kafka entre os favoritos na estante, e de música, especialmente de louvor e de rock, o palmeirense, que volta e meia está com um livro na mão nas viagens do clube.
Com seu pai, o atleta aprendeu as principais lições, sobretudo dois conselhos: “minha casa, minhas regras” e “se não puder ajudar, não atrapalhe”. “São frases que nunca me esqueço”, afirma Scarpa.
Já seu Zezo também não esconde o orgulho do filho. “No gol contra o Grêmio, gritei muito. Fiquei dois dias sem falar.”
Nesta noite, no Pacaembu, espera repetir a dose.