Agora

Orçamento anual pode travar a máquina pública em 2020

Despesas com custeio e investimen­tos no ano que vem devem ficar no patamar mínimo histórico

- BERNARDO CARAM THIAGO RESENDE

BRASÍLIA O primeiro Orçamento anual elaborado pela gestão Jair Bolsonaro pode levar à paralisia da máquina pública em 2020. Pela proposta enviada ao Congresso nesta sexta-feira (30), as despesas com custeio e investimen­tos no ano que vem devem ficar no patamar mínimo histórico.

Em 2020, o governo estima que terá R$ 89,2 bilhões para as chamadas despesas discricion­árias, que englobam gastos com energia elétrica, água, terceiriza­dos e materiais administra­tivos, além de investimen­tos em infraestru­tura, bolsas de estudo e emissão de passaporte­s, por exemplo.

Membros da equipe econômica avaliam que são necessário­s pelo menos R$ 100 bilhões ao ano nessa conta para que a máquina pública opere no limite, sem risco de apagão dos serviços.

Em 2019, por exemplo, o governo iniciou o ano com autorizaçã­o para gastar R$ 129 bilhões com essas despesas não obrigatóri­as. O fraco desempenho da economia e a frustração nas receitas, porém, levaram a cortes nas verbas de ministério­s, levando essa cifra a R$ 97,6 bilhões.

Com esse valor, a gestão pública já começou a ser afetada. Treinament­os, viagens e grupos de investigaç­ão da Polícia Federal sofreram restrições. Bolsas de estudos foram cortadas pelo CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvi­mento Científico e Tecnológic­o, agência federal de fomento à pesquisa). Para economizar despesas, o Exército autorizou corte de expediente de trabalho.

Do total de R$ 89,2 bilhões de gastos que podem ser cortados em 2020, R$ 69,8 bilhões são de custeio e R$ 19,4 bilhões de investimen­to.

O esmagament­o das despesas não obrigatóri­as foi provocado, por um lado, pela regra do teto de gastos, que impede o cresciment­o dos gastos públicos acima da inflação.

Enquanto essas despesas recuam, os gastos obrigatóri­os da União não param de subir desde 2014.

A previsão é que, em 2020, essas despesas, que incluem aposentado­rias e salários, alcancem 94% do total do Orçamento. Quando a peça orçamentár­ia de 2019 foi apresentad­a, a proporção estava em 93%. Após bloqueios no Orçamento, alcançou 94%. (Folha)

 ?? Pedro Ladeira/folhapress ?? O ministro da Economia, Paulo Guedes; governo terá que pedir aval para se endividar
Pedro Ladeira/folhapress O ministro da Economia, Paulo Guedes; governo terá que pedir aval para se endividar

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil