Salles foca agenda no agronegócio e deixa os ambientalistas de lado
Nos mais de oito meses à frente do Ministério do Meio Ambiente, Ricardo Salles se reuniu com líderes do agronegócio, madeireiros, petroleiros e até representantes da indústria farmacêutica e de rede de supermercados. No mesmo período, oficialmente, só dedicou duas reuniões para atender a organizações com pauta ambientalista: Wwfbrasil e a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.
Essas reuniões são importantes porque servem de amparo à formulação de políticas públicas para o meio ambiente, segundo especialista ouvido.
Na agenda pública do ministro, analisada pela reportagem, parte considerável das audiências de Salles foi destinada a membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Foram 54 com deputados e senadores da frente.
Ex-colega da época em que Salles foi secretário de meio ambiente do governo de Geraldo Alckmin, Arnaldo Jardim, do Cidadania, foi recebido em quatro ocasiões pelo ministro.
Outra figura constante na agenda de Salles foi o senador e membro da FPA Márcio Bittar (MDB-AC), também recebido quatro vezes pelo ministro. Uma das reuniões, com a presença do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), ocorreu em 16 de abril, mesmo dia em que os parlamentares apresentaram um projeto de lei que buscava o fim da reserva legal em propriedades privadas —área que não pode ser desmatada. A proposta de Bittar e de Flávio Bolsonaro foi retirada pelos autores no último dia 15 de agosto.
A assessoria do ministro foi procurada para esclarecimentos sobre os critérios para a montagem da agenda de Salles, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem. (Folha)