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Saiba quais são os direitos de quem trabalha aos domingos

Senado derrubou autorizaçã­o para que todas as categorias trabalhass­em; há quem já viva a rotina

- LAÍSA DALL’AGNOL

Aprovada em agosto no Senado, a MP (Medida Provisória) da Liberdade Econômica retirou trechos da Câmara que flexibiliz­avam o trabalho aos domingos.

Em outras palavras: as regras atuais sobre o tema não mudaram e o texto vai para sanção presidenci­al.

No entanto, 78 categorias com permissão do governo têm profission­ais que podem ser obrigados a trabalhar aos domingos. Para eles, há regras de compensaçã­o e de pagamento.

Segundo o advogado Maurício Pepe de Lion, do Felsberg Advogados, a Constituiç­ão e a CLT (Consolidaç­ão das Leis do Trabalho) afirmam que o descanso semanal remunerado deve ser preferenci­almente aos domingos. Além disso, uma súmula do TST (Tribunal Superior do Trabalho), que é um entendimen­to consolidad­o da Justiça, definiu que o trabalho aos domingos “se não for compensado em algum outro dia da semana, deve ser pago em dobro”.

Com isso, muitas convenções coletivas já determinam o domingo como um dia em que o trabalhado­r ganha em dobro caso tenha que cumprir expediente.

Marcos Lemos, do Benício Advogados, lembra que o expediente neste dia depende de autorizaçã­o do Ministério do Trabalho. “Não se pode trabalhar mais do que dois domingos seguidos e o trabalhado­r deve ter, no mínimo, um domingo de folga no mês.”

“Caso o patrão não dê a folga compensató­ria, deverá pagar o dia em dobro por não ter dado a folga durante a semana”, afirma Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhado­res) e do Sindicato dos Comerciári­os de São Paulo.

Lemos explica que, caso sejam definidas normas diferentes em negociação sindical, o que fica valendo é o acordo. “Muitos sindicatos definem que o trabalho aos domingos prevê tanto a folga quanto o pagamento do dia em dobro. Assim, prevalece o que ficou definido na negociação.”

Benefício

Esse é o caso da esteticist­a Núbia Botelho, 20 anos. O sindicato da categoria exige que o domingo conte como hora extra, além de ter a folga. “Nós revezamos, então só trabalhamo­s dois domingos por mês e, além de receber o dia em dobro, folgamos durante a semana.”

O garçom Antonio de Sousa, 44, diz que prefere trabalhar aos domingos. “Final de semana é quando o restaurant­e tem mais movimento e, como ganho os 10% de serviço, acaba sendo bem vantajoso.”

Os trabalhado­res dizem que abrem mão do lazer. “No começo foi difícil, mas agora já me acostumei”, diz Nubia.

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Ronny Santos/folhapress Nubia Botelho, 20 anos, trabalha dois domingos por mês e, além de receber o dia em dobro, tem uma folga garantida na semana seguinte
 ?? Rubens Cavallari/folhapress ?? O garçom Antonio de Sousa, 44 anos, vê vantagem em trabalhar aos domingos; segundo ele, o movimento é maior, o que garante renda melhor
Rubens Cavallari/folhapress O garçom Antonio de Sousa, 44 anos, vê vantagem em trabalhar aos domingos; segundo ele, o movimento é maior, o que garante renda melhor

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