Exibição do último capítulo na TV mobilizou sistema elétrico do país
Com uma história de vingança, ritmo ágil e fotografia de cinema, “Avenida Brasil” virou um marco na televisão brasileira. Exibida de março a outubro de 2012, a novela de João Emanuel Carneiro teve média de audiência de 39 pontos. O último capítulo bateu recorde com 51 pontos e parou o país.
A exibição do episódio final de Nina, Carminha, Jorginho e Tufão exigiu mudanças até no fornecimento de energia elétrica do país. Prevendo um pico de consumo de luz maior que o normal —já que as pessoas iriam adiar para logo depois da novela atividades como tomar banho e ligar a lavadora—, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) determinou o funcionamento, pela primeira vez naquele ano, das termelétricas a óleo combustível, cuja energia é seis vezes mais cara que a fornecida pelas hidrelétricas.
A novela “Avenida Brasil” foi a primeira trama que provocou grande repercussão na internet. Inúmeros memes foram criados durante sua exibição, brincando com bordões de personagens. “É tudo culpa da Rita”, frase dita por Carminha, e a risada de Nilo, “hi hi hi”, foram alguns deles.
Para críticos de TV, além de bem produzida e de contar com um elenco afiado, a novela conseguiu retratar o momento político, social e econômico do país ao mostrar a ascensão da classe C e o orgulho que eles tinham de viver no subúrbio — representado na trama pelo bairro fictício do Divino.
“A família do Tufão [Murilo Benício], marcada por brigas, brincadeiras, gritarias e palavrões, retratou de maneira muito fiel essa tão falada classe C”, afirmou, na época, Claudino Mayer, doutor em teledramaturgia pela USP (Universidade de São Paulo).
O enredo principal do folhetim girava em torno do embate entre Nina (Débora Falabella) e Carminha (Adriana Esteves), mocinha e vilã que cativaram o público. Ainda criança, Nina é abandonada pela madrasta em um lixão. Ela refaz a sua vida, mas não esquece o que a megera fez e elabora um plano maquiavélico de vingança. (KM)