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STF prepara julgamento­s Militares gastam decisivos para Sergio Moro R$ 100 mil na Grécia

Ministros avaliam que há maioria a favor de teses contrárias à Lava Jato

- THAIS ARBEX

BRASÍLIA O STF (Supremo Tribunal Federal) se prepara para dar em outubro o seu mais duro recado à Operação Lava Jato e ao ministro da Justiça, Sergio Moro.

Segundo ministros ouvidos pela reportagem, a pauta da corte deve ser tomada por julgamento­s que, em suma, podem tornar sem efeitos decisões do ex-juiz e da força-tarefa coordenada pelo procurador Deltan Dallagnol.

O presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, indicou aos colegas estar disposto a levar ao plenário no próximo mês as ações que questionam a constituci­onalidade das prisões após condenação em segunda instância —uma das principais bandeiras da Lava Jato— e a discussão que anulou a sentença imposta por Moro a Aldemir Bendine, expresiden­te da Petrobras e do Banco do Brasil.

Segundo esses magistrado­s, a provável inclusão dos temas na pauta do plenário sinaliza que, hoje, já haveria maioria a favor das teses contrárias à Lava Jato.

O presidente da corte também admitiu antecipar o debate sobre uso de dados detalhados de órgãos de controle —como Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeira­s), Receita Federal e Banco Central— sem autorizaçã­o judicial.

Em julho, Toffoli atendeu a um pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e suspendeu investigaç­ões criminais que usassem informaçõe­s detalhadas desses órgãos.

Moro chegou a ir ao Supremo para relatar a Toffoli sua insatisfaç­ão com a decisão, dizendo que ela poderia colocar em risco o combate à lavagem de dinheiro.

O episódio irritou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e ampliou a desconfian­ça do Palácio do Planalto com o ministro da Justiça.

Relatório federal enviado ao Ministério Público do Rio de Janeiro indica movimentaç­ão atípica de R$ 2,5 milhões na conta bancária do deputado federal David Miranda (PSOL), no período de 2 de abril de 2018 a 28 de março de 2019. A informação foi revelada pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha de S.paulo.

O relatório do Coaf (Conselho

É nesse ambiente de desgaste de Moro que Gilmar Mendes pretende retomar, também em outubro, o julgamento da alegada suspeição do ex-juiz —até lá, a avaliação no Supremo é a de que estará consolidad­a uma derrota de Moro na Segunda Turma da corte.

Os magistrado­s vão voltar a discutir um pedido de habeas corpus formulado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no qual se alega a falta de imparciali­dade de Moro na condução do processo do tríplex de Guarujá (SP).

Se a solicitaçã­o for aceita, a sentença pode ser anulada e o caso voltaria aos estágios iniciais. Com isso, Lula poderia sair da cadeia.

O julgamento chegou a ser marcado para 25 de julho, mas Gilmar pediu que ele saísse da pauta. Para o ministro, a corte deveria aguardar os desdobrame­ntos do vazamento das conversas atribuídas a Moro com a cúpula da Lava Jato. (Folha) de Controle de Atividades Financeira­s) foi encaminhad­o ao Ministério Público no dia 11 de junho, dois dias depois que o site The Intercept Brasil passou a divulgar mensagens de autoridade­s da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba.

David Miranda é casado com o jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil.

O Coaf atualmente é vinculado ao Banco Central e passou a se chamar UIF (Unidade de Inteligênc­ia Financeira). À época do relatório, o órgão já não estava mais sob a guarda do Ministério da Justiça, comandado pelo ex-juiz Sergio Moro, que aparece nas mensagens da Lava Jato.

As movimentaç­ões atípicas, por si só, não configuram crime —que ocorreria apenas se a origem do dinheiro for ilícita.

Em nota, David Miranda afirmou que a quantia movimentad­a é “totalmente compatível” com a renda de sua família.

Ele disse que, além dos R$ 33,7 mil que recebe como parlamenta­r, é sócio do marido “em uma empresa com projetos importante­s”. Afirmou que o salário de Greenwald é público, já que o Intercept é uma ONG, e que qualquer um pode constatar a compatibil­idade da renda com a movimentaç­ão.

“Além disso, seus projetos —dos quais participei como parceiro— incluem livros que figuram nas listas dos mais vendidos do mundo, filmes e palestras”, diz a nota. “A única ilegalidad­e existente é a praticada por aqueles que vazam essas informaçõe­s para prejudicar minha reputação como retaliação pelas reportagen­s”, diz. (Folha)

O STM (Superior Tribunal Militar) gastou cerca de R$ 100 mil em passagens e diárias com a viagem de três ministros à Grécia, em julho, durante as férias coletivas. Eles participar­am de um seminário de dois dias, em Atenas, promovido pela Associação Internacio­nal das Justiças Militares, uma entidade privada.

O evento foi realizado no Athens Plaza Hotel, estabeleci­mento de cinco estrelas, próximo à Acrópole (diárias de R$ 2.800 a R$ 10 mil, além de taxas).

O presidente do STM, almirante Marcus Vinícius Oliveira dos Santos, proferiu palestra no dia 5 de julho sobre “Forças Armadas e atuação na garantia da lei e da ordem”. Viajou no dia 27 de junho e retornou em 16 de julho. O órgão disse que Santos “intercalou o evento com o seu período de férias no recesso do Judiciário”.

As passagens do presidente custaram R$ 28,3 mil. As dos ministros do STM Álvaro Luiz Pinto e Péricles Aurélio Lima de Queiroz custaram R$ 13,8 mil. O tribunal disse que as passagens “foram expedidas para período e classe diferentes”.

Cada um dos três recebeu sete diárias (cerca de R$ 14 mil, segundo a cotação média do euro no período).

O seminário recebeu patrocínio do Bradesco, que mantém a folha de pagamento da Justiça Militar em São Paulo. O banco não informou o valor do patrocínio. O encontro não foi divulgado no site do STM.

O Superior Tribunal Militar informou que “os afastament­os de ministros para participaç­ão em eventos representa­ndo oficialmen­te o STM, inclusive com o recebiment­o de diárias, depende de autorizaçã­o do plenário da corte”. O Bradesco informou que patrocinou o evento “pelo interesse comercial junto aos clientes e potenciais clientes dessa categoria profission­al.” (Folha)

Deputado federal teria movimentad­o R$ 2,5 milhões em quase um ano

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Pedro Ladeira - 2.jul.19/folhapress O ministro da Justiça, Sergio Moro, terá julgamenos decisivos no STF em outubro

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