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DESTAQUE DO DIA Prefeitura leva até 122 dias para verificar focos do Aedes

Em média, pedidos de fiscalizaç­ão feitos pelo portal 156 levam 35 dias para serem atendidos

- ELAINE GRANCONATO WILLIAM CARDOSO

O morador da cidade de São Paulo que aponta à prefeitura possíveis focos e criadouros do mosquito Aedes aegypt, transmisso­r do vírus da dengue, espera, em média, 35 dias, para ser atendido pelos agentes de saúde.

Porém, há casos extremos em que a demora chega até a 122 dias, como no distrito Anhanguera, no extremo da zona norte.

Os dados são referentes ao primeiro semestre e constam das queixas feitas no portal 156 da prefeitura.

Por outro lado, do ovo à fase adulta, o mosquito leva de 7 a 10 dias, segundo Denise Valle, pesquisado­ra do Laboratóri­o de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC (Instituto Oswaldo Cruz), a Fiocruz.

Segundo o instituto, os ovos do mosquito podem ficar até 450 dias no seco, ou seja, sobreviver­iam de um verão a outro.

Em média, o mosquito, também responsáve­l pela transmissã­o da febre chikunguny­a e da zika virus, vive um mês.

Na prática, quando os agentes ambientais da Covisa (Coordenado­ria de Vigilância em Saúde) chegam ao local com água limpa e parada, situação apontada pela população no Portal 156, os mosquitos já se proliferar­am.

“É fundamenta­l que sociedade e poder público ajam semanalmen­te na vistoria dos espaços que lhe competem”, afirma Valle.

O levantamen­to do Agora, pelo 156, levou em consideraç­ão apenas os pedidos feitos e dados como finalizado­s neste primeiro semestre pela gestão Bruno Covas (PSDB).

Com a demora de mais de 35 dias na média, por exemplo, a prefeitura atendeu a duas em cada três denúncias feitas de janeiro a junho. Algumas poucas foram canceladas ou indeferida­s pela administra­ção municipal.

O número de pedidos sobre possíveis criadouros mais que dobrou neste primeiro semestre, em relação a igual período do ano passado. Foram 8.772 chamados abertos, ante 3.590 de 2018 —alta de 144,3.

Depois de três anos, a cidade de São Paulo voltou a registrar mortes por dengue em 2019 —as confirmaçõ­es ocorreram em maio e junho.

As pessoas mortas eram homens e tiveram o vírus contraído no próprio município (autóctone).

Uma das mortes ocorreu na região do Mandaqui (zona norte), onde 133 chamados foram feitos de janeiro a junho, mas somente nove foram atendidos pela prefeitura, número que representa cobertura de 6,8%.

Os outras duas mortes ocorreram em Cidade Tiradentes e Sapopemba, o último distrito foi o com maior número de denúncias, 188, com média de 39 dias de atendiment­o.

Segundo a médica Melissa Palmieri, especializ­ada em Vigilância em Saúde pelo Ministério da Saúde, o risco de morte por dengue é de 10%, mas pode cair a menos de 1%.

Ela diz que nos primeiros sinais de sintomas da doença ou mesmo suspeita, a pessoa deve procurar pelo serviço de saúde. “Essa é a chave da redução de mortalidad­e”, afirma . (EG)

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