Agora

Mancha de poluição que cobre o rio Tietê tem novo aumento

Trecho mais poluído cresce 34% e está entre as cidades de Mogi das Cruzes e Cabreúva

- FABRÍCIO LOBEL

A mancha de poluição no rio Tietê, o principal do Estado e que cruza a o capital paulista, aumentou 34% em 2019 em relação ao ano anterior. O resultado reverte três anos de melhora da qualidade do rio.

Agora são 163 km de trecho poluído, entre as cidades de Mogi das Cruzes e Cabreúva, passando pela cidade de São Paulo --em 2018, eram 122 km. O trajeto representa 15% do curso do Tietê. Os dados são da SOS Mata Atlântica, ONG que acompanha a poluição rio com a mesma metodologi­a desde 2010.

A SOS Mata Atlântica mede mensalment­e 99 pontos de 73 rios da bacia do Tietê. As amostras são classifica­das entre: ótima, boa, regular, ruim e péssima. Os trechos poluídos têm medições ruins ou péssimas.

A maior concentraç­ão de poluentes está entre a região do Cebolão, em São Paulo, e Barueri. Ali, a medição aponta índice péssimo.

O único trecho com classifica­ção boa fica em Salesópoli­s, a leste da capital, onde está a nascente do Tietê (nenhum trecho tem classifica­ção ótima).

Segundo Malu Ribeiro, especialis­ta em água da Fundação SOS Mata Atlântica, outra preocupaçã­o, além do aumento da mancha de poluição, é a piora do rio mesmo antes de chegar à cidade de São Paulo, ainda próximo de sua cabeceira.

Depois de deixar Salesópoli­s, o Tietê passa pelas cidades de Biritiba-mirim, Mogi das Cruzes e Suzano. Todas elas tiveram suas classifica­ções rebaixadas na comparação de 2018 e 2019. “É a primeira vez que isso acontece na região da cabeceira do rio. Ali está um dos mananciais mais usados para abastecer São Paulo [o Alto Tietê, que fornece água para a porção leste da Grande SP]”, analisa Malu.

De maneira geral, o atraso do saneamento na Grande SP é um dos principais causadores da poluição

Mas para Malu, é preciso ter uma visão mais ampla das causas da poluição no rio Tietê para atacá-las. “Se olharmos só para o avanço do saneamento, ficaremos por mais 20 anos sem um Tietê em boas condições”, afirma. Outro problema que deve ser cuidado, segundo ela é o avanço da ocupação irregular em áreas de mananciais. (Folha)

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