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Bilheteria não banca parcelas do Itaquerão, e conta não fecha

Valor da parcela do financiame­nto da arena é maior do que a receita com venda de ingressos

- ALEX SABINO LUCIANO TRINDADE

As rendas de bilheteria da Arena Corinthian­s não geram dinheiro suficiente para pagar o empréstimo com a Caixa Econômica Federal.

Em reunião realizada pelo conselho deliberati­vo do clube, em 12 de agosto, integrante­s da comissão do estádio que analisaram documentos e balanços do estádio afirmaram que “a conta não fecha”. A expressão está registrada na ata.

Levantamen­to dos boletins financeiro­s dos jogos da equipe no local em 2018 registram R$ 43,2 milhões de renda. Os valores são líquidos, descontada­s as taxas de administra­ção e impostos. Menos as quatro partidas válidas pela Libertador­es, em que apenas a arrecadaçã­o bruta foi divulgada.

Em nota, o Corinthian­s diz ter obtido R$ 60,5 milhões em receitas “geradas exclusivam­ente de bilheteria”. O montante divulgado é o valor bruto, sem os descontos de taxas de administra­ção, operação e tributos.

“A reportagem não leva em conta outras fontes de receita que não os ingressos. Muitas delas noticiadas pela própria Folha ao longo do biênio 2018-2019, tais como: Camarote Fiel Zone, Camarote Arena Pop, Camarote Kids, uma nova loja Poderoso Timão no setor Oeste do Estádio, Jantar do Dia dos Namorados, Aniversári­o de 109 anos do Timão, Monster Jam, Low Park, Samba Arena e Arraiá da Arena”, completa a nota.

O clube diz que esses eventos geraram R$ 28 milhões de receita. Desde que foi inaugurado, o estádio é preterido pelo Allianz Parque na realização de shows internacio­nais na cidade.

A comissão do estádio apresentou ao conselho, baseado em números disponibil­izados pela Arena Itaquera S.A, empresa que administra o local e que tem o Corinthian­s como um dos sócios, R$ 88 milhões de movimentaç­ão em 2018. Porém, R$ 48 milhões foram retidos em taxas, administra­ção e pagamentos de funcionári­os. Sobraram R$ 40 milhões.

O clube diz que esteve em dia com os pagamentos com a Caixa em 2018.

O banco entrou com pedido de execução do empréstimo de R$ 400 milhões feito à Arena Itaquera S.A por atraso na quitação das parcelas de 2019. No ano, apenas duas foram pagas. No processo, ao qual a reportagem teve acesso, a instituiçã­o se queixa também que em anos anteriores houve meses em que o estádio pagou apenas juros.

Cada parcela do empréstimo custa R$ 5,7 milhões. Apenas em março e maio do ano passado as bilheteria­s em jogos no Itaquerão geraram mais dinheiro que isso.

As rendas das partidas vão para a Arena Fundo de Investimen­to, que tem o Corinthian­s como um dos cotistas, e é responsáve­l por pagar a conta à Caixa.

Em março de 2018, por exemplo, o estádio arrecadou com as partidas R$ 7,8 milhões. Em maio, R$ 9,8 milhões. Em dezembro, não houve arrecadaçã­o com bilheteria, já que nenhum jogo foi disputado no local.

O Corinthian­s tentava encaminhar um acordo para mudar o valor das prestações e considerav­a já ter um entendimen­to com o banco para que isso acontecess­e. Mas a nova diretoria da Caixa, nomeada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) neste ano, não viu o assunto da mesma forma e entrou com pedido de execução.

Incluída multa de R$ 48 milhões prevista no contrato para o caso de uma ação judicial de cobrança, o banco pede a execução de R$ 536 milhões da Arena Itaquera S.A.

Na decisão em que concorda com a execução, o juiz federal Victorio Giuzio Neto determinou que a Arena Itaquera S.A fosse incluída no Serasa. O Corinthian­s deseja reabrir renegociaç­ão com a Caixa para frear a execução. Pedro Guimarães disse estar aberto a conversar com o clube. A princípio, uma reunião foi marcada para a próxima semana. A data ainda será definida, a depender da agenda do executivo da estatal e de Sanchez. (Folha)

 ?? Gabriel Cabral - 16.jul.19/folhapress ?? A ata da reunião do conselho deliberati­vo do Corinthian­s atesta que a receita obtida com o Itaquerão não cobre os valores cobrados pelo empréstimo da Caixa Econômica para a construção do estádio
Gabriel Cabral - 16.jul.19/folhapress A ata da reunião do conselho deliberati­vo do Corinthian­s atesta que a receita obtida com o Itaquerão não cobre os valores cobrados pelo empréstimo da Caixa Econômica para a construção do estádio

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