Agora

A São Paulo de cada um

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Aprofunda desigualda­de no Brasil é uma chaga que também deixa marcas na cidade mais rica do país. Levantamen­to da Rede Nossa São Paulo expõe os contrastes do que pode ser a vida de um paulistano conforme o bairro onde nasceu ou trilhou a sua trajetória.

O Mapa da Desigualda­de comparou os indicadore­s sociais dos 93 distritos da capital. As disparidad­es podem estar separadas por quilômetro­s, ou nem isso.

O futuro das adolescent­es é um exemplo claro. Em Marsilac, no extremo sul da cidade, gravidez na adolescênc­ia é uma rotina. Para cada 100 bebês que nasceram no ano passado, 19 tinham mães com menos de 19 anos. Em Moema, bairro chique da zona sul, essa proporção despenca para apenas 0,4.

Forma-se aqui um triste ciclo. Altos índices de gravidez na adolescênc­ia são acompanhad­os, em geral, por maior abandono dos estudos pelas futuras mães e a consequent­e dificuldad­e em arrumar trabalho, perpetuand­o a pobreza.

A própria gestação tem diferenças. Na Cachoeirin­ha (zona norte), um terço das mães faz menos do que sete consultas de pré-natal, o mínimo recomendad­o. Já no Itaim Bibi (oeste), só 5,4% das gestantes perdem os exames necessário­s.

Curiosamen­te, as regiões mais afastadas ganham dos bairros centrais em duas frentes. Com menos carros e tráfego, o ar é mais puro —e o risco de sofrer um acidente de trânsito também é menor.

Escolher bem nossos governante­s ainda é a melhor saída para compensar esse terrível desequilíb­rio. Citando as eleições municipais, um morador de Cidade Tiradentes, no extremo leste, resume tudo com ironia: “Governo aqui aparece pouco. Mas no ano que vem vai ter político das 7h às 22h pedindo voto”.

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