DESTAQUE DO DIA Ex-presidente Lula é solto após 580 dias preso na PF em Curitiba
Beneficiado por decisão do Supremo, petista sai da cadeia com discurso de ataque à Lava Jato
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 74 anos, foi solto nesta sexta-feira (8), após 580 dias de prisão, e, em meio aos planos de retomada da agenda partidária, adotou um discurso com fortes ataques à Lava Jato e a setores do Judiciário.
A saída do petista da sede da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba, ocorreu um dia após uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que, por 6 votos a 5, alterou a jurisprudência que desde 2016 permitia a prisão logo após a segunda instância, antes de esgotadas as possibilidades de recurso.
Condenado no Superior Tribunal de Justiça por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá, Lula deixou a cadeia às 17h40, foi recebido na rua por centenas de apoiadores e beijou a namorada, a socióloga Rosangela da Silva, a Janja. Em discurso de 16 minutos, falou em “safadeza” e “canalhice” do que chamou de “lado podre” do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, da Justiça e da Receita Federal.
Disse que saía da prisão “sem ódio”, mas atacou o exjuiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
A decisão do STF, com potencial para atingir 5.000 réus e que também beneficiou o ex-ministro José Dirceu (PT) e o ex-governador de Minas Eduardo Azeredo (PSDB), foi celebrada pela esquerda e criticada por grupos de direita, que já organizaram atos de protesto.
No Palácio do Planalto, a soltura do ex-presidente dividiu opiniões e foi recebida com silêncio por Jair Bolsonaro (PSL), que considera o petista seu principal adversário político para as eleições de 2022.
A decisão do Supremo foi a principal derrota da Lava Jato, que já vinha enfraquecida principalmente após a divulgação de mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil e que colocaram em xeque a conduta de procuradores da força-tarefa e do ex-juiz Sergio Moro.
O ex-presidente segue atualmente como ficha-suja, mas aposta no julgamento do Supremo sobre a suspeição de Sergio Moro, que se tornou ministro de Bolsonaro
e é acusado pelo petista de parcialidade. Eventual decisão do STF favorável ao petista poderia resultar na anulação de sua condenação e abrir margem para ele se tornar elegível novamente em 2020. (Folha)