Bento 16 pede retirada de seu nome como coautor de livro
Obra que papa emérito teria assinado critica o fim do celibato de padres e causou polêmica
O papa emérito Bento 16 pediu que seu nome seja retirado como coautor de um livro que defende a manutenção do celibato dos padres na Igreja Católica.
A divulgação de trechos de “From the Depths of Our Hearts” (do fundo dos nossos corações) pelo jornal francês Le Figaro foi interpretada como uma tentativa de pressão sobre o atual pontífice, Francisco.
Isso porque o argentino deve decidir em breve se aceita uma recomendação feita no documento final do sínodo da Amazônia que propôs que homens casados que morem em áreas remotas possam ser ordenados como padres.
A ala mais conservadora da igreja é contra a medida.
Nesta terça (14), o secretário pessoal do papa emérito, o arcebispo Georg Ganswein, disse que pediu para o autor principal da obra, o cardeal conservador Robert Sarah, retirar o nome de Bento do livro.
O pedido foi feito pouco depois de Sarah ter respondido a acusações de que teria enganado o antigo pontífice e usado o nome do alemão sem autorização.
“Eu afirmo solenemente que Bento 16 sabia que nosso projeto ia virar um livro. Posso dizer que trocamos várias mensagens para estabelecer as correções”, escreveu o cardeal guineano em uma rede social.
Ele disse ainda que, por causa da polêmica, o nome do papa emérito vai aparecer apenas como colaborador nas próximas edições, não mais como coautor.
Quando Bento se tornou o primeiro papa a renunciar em 700 anos, ele anunciou que ficaria “escondido do mundo”. Mas, aos 92 anos e com saúde frágil, ele tem dado entrevistas, escrito artigos e contribuído com livros, numa quebra da promessa que tem animado os conservadores da Igreja, incluindo alguns que não reconhecem a legitimidade de Francisco.
Em sua parte do livro, Bento diz que o celibato tem “grande significado”
A proposta do sínodo afirma que homens mais velhos casados, que já sejam diáconos da Igreja, tenham uma relação familiar estável e sejam líderes comunitários possam ser ordenados padres depois de uma formação adequada.
Isso solucionaria a escassez de padres em áreas isoladas, como a região amazônica, e ampliaria a quantidade de missas e sacramentos, por isso a proposta é apoiada por muitos bispos sulamericanos. (Agências)