Em nome da sobrevivência
Globo quebra revezamento de autores veteranos e inicia período em que novatos também ocupam a faixa das 21h
A ciranda de criadores de novela das 21h da Globo, com seus medalhões da teledramaturgia, está se abrindo para autores de uma nova geração de maneira inédita. Gilberto Braga, Walcyr Carrasco, Glória Perez, João Emanuel Carneiro, Benedito Ruy Barbosa e Manoel Carlos se revezavam na faixa com raríssimas aberturas. Até que, em 2019, chegou Manuela Dias.
Aos 42 anos, a autora de “Amor de Mãe”, no ar desde fim de novembro, quebrou uma tradição. Além dela, tem Lícia Manzo vindo em breve, possivelmente maio, com o título “Em Seu Lugar”, e também já se fala nos corredores da emissora que Maria Helena Nascimento (“Rock
Story”) é outra candidata ao horário nobre, podendo estrear em 2021.
Seria o fim da era em que a velha guarda da teledramaturgia garantia ao menos a audiência da largada de cada novela, elevando a expectativa de seus seguidores, ainda que com jovens colaboradores na sala de redação?
O dramaturgo Silvio de Abreu, que dirige o núcleo de teledramaturgia da Globo, diz que, antes, esses velhos ícones das novelas brasileiras não pensavam na aposentadoria e não manifestavam o desejo de parar de escrever.
“Com a morte de alguns e a aposentadoria de outros, ficou claro que a descoberta de novos autores deveria ser uma das minhas prioridades”, diz Abreu. “Sem uma renovação urgente, o gênero estaria ameaçado, e a morte desse gênero seria um prejuízo, não só para a Globo, mas também para o enorme número de profissionais que trabalham na produção de novelas, além de para o público brasileiro.”
Abreu, 77, não escreve uma novela completa desde que assumiu o cargo, há seis anos, restringindose a colaborar com a supervisão de textos e a redação de capítulos de tramas de outros autores.
Já Aguinaldo Silva, aos 76 anos, foi demitido da Globo há poucos dias, depois de 40 anos na casa e uma novela recente que foi fracasso de audiência, “O Sétimo Guardião”.
Benedito Ruy Barbosa, hoje com 88 anos, anunciou a aposentadoria. Gilberto Braga, com 74, não escreve novelas desde 2015, quando esteve à frente de “Babilônia”, outra frustração de audiência —deve, porém, criar uma trama para a faixa das 18h em breve.
Ainda restam em atividade João Emanuel Carneiro, o mais jovem dos medalhões, com 49 anos e 20 de casa, Glória Perez, 71, e Walcyr Carrasco, 68. “É natural que novos autores assumam a titularidade de obras, uma vez que autores veteranos estão diminuindo o ritmo”, diz Abreu. “Faz parte da vida essa renovação.”
O autor e diretor diz que o trabalho na “dramaturgia longa” requer “muita criatividade, disciplina e disponibilidade física e mental”. Ele compara a escrita de uma novela à de “um longa-metragem por dia, durante quase um ano”.
Desde que ocupa o cargo de diretor de teledramaturgia, Abreu se dedica a formar novos autores e a construir um planejamento “com