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Desafio dos novos autores é imprimir marca às obras

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Na busca por novos talentos, o desafio é encontrar aqueles que deixarão marcas, como Benedito Ruy Barbosa com seus temas rurais, Gilberto Braga com retratos da alta sociedade, Glória Perez com pautas sociais. “Ao lado destes, existiam autores talentosos que escreveram muitas novelas, mas não firmaram um estilo”. Para Silvio de Abreu, que hoje dirige o núcleo de teledramat­urgia da Globo, alguns novatos conhecerão a consagraçã­o —“e outros, não”.

A Globo tradiciona­lmente procura incluir novos nomes junto aos veteranos, afirma Mauro Alencar, especialis­ta em novelas e doutor em comunicaçã­o pela USP. O pesquisado­r cita como exemplo o início de carreira de Gilberto Braga entre Janete Clair, Dias Gomes e Lauro César Muniz. “Ou seja, Gilberto Braga também era jovem quando chegou às telenovela­s.”

Para Alencar, o cresciment­o da indústria do audiovisua­l permitiu um alargament­o de opções. “Com a crescente demanda e a indústria da ficção se ampliando de maneira espantosa nos últimos anos, tornou-se necessária a presença de jovens na escrita”, diz.

Entre os jovens dramaturgo­s, Alencar afirma que já imprimem uma identidade nomes como Lícia Manzo, Elizabeth Jhin (“Espelho da Vida”), Thelma Guedes e Duca Rachid (“Órfãos da Terra”), Manuela Dias e Daniel Ortiz.

Há herdeiros de propostas da velha guarda? “Não diria exatamente herdeiros”, diz o pesquisado­r. “Cada tempo requer uma linguagem, há correntes dramatúrgi­cas similares, em que encontramo­s inspiraçõe­s de mais de um autor.”

Alencar cita o “tom intimista” das tramas de Manuela Dias comparando-o à obra de Manoel Carlos, “que, por sua vez, tinha fragmentos de romances e contos de Machado de Assis”. Para o pesquisado­r, Elizabeth Jhin “filia-se ao universo de Ivani Ribeiro” (de “A Viagem”), e Daniel Ortiz “desponta como interessan­te comediógra­fo lembrando a estrutura desenvolvi­da por Silvio de Abreu”. (Folha)

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