Bolsa despenca 12% e dólar dispara a R$ 4,727
Disputa entre Rússia e Arábia Saudita derruba preço internacional do petróleo
A Bolsa brasileira teve sua maior queda do século nesta segunda-feira (9). O Ibovespa, principal índice acionário do país, despencou 12,17%, a 86.067 pontos, o menor patamar desde 26 dezembro de 2018. Essa é a maior queda diária em termos percentuais desde 10 de setembro de 1998, quando a Bolsa caiu 15,8%, em período marcado pela crise financeira russa.
O índice abriu em forte queda e, às 10h30, as negociações foram interrompidas quando a desvalorização superou 10%.
O pânico do mercado, que atingiu todos os mercados globais, reflete a queda de braço entre a Arábia Saudita e a Rússia sobre o preço do petróleo. Depois que a Rússia se recusou a cortar a produção para fazer frente à queda do preço da matéria-prima, a Arábia aumentou a oferta do produto, como forma de pressão aos russos, o que fez a cotação do barril tipo Brent (referência internacional) despencar 24% para US$ 34,36, menor patamar desde 2016.
A já chamada guerra do preço do petróleo se soma à piora na perspectiva de impacto econômico com a disseminação do coronavírus fora da China. A desaceleração da economia global por causa da doença já é considerada inevitável.
No Brasil, o dólar disparou, apesar de duas intervenções do Banco Central. Na máxima do dia, a cotação bateu R$ 4,79. A moeda fechou em alta de 2%, a R$ 4,727. O turismo está a R$ 4,92 na venda. Em algumas casas de câmbio, chega a ser vendido acima de R$ 5.
Economistas agora aguardam medidas do governo brasileiro para amenizar o impacto da crise.
As ações da Petrobras tiveram a maior queda percentual da história. As preferenciais (mais negociadas) despencaram 29,7%, a R$ 16,05. As ordinárias (com direito a voto) caíram 31%, a R$ 16,92. São os menores níveis desde agosto de 2018.
O petróleo teve nesta segunda a maior queda diária desde a Guerra do Golfo, em 1991. A Petrobras informou estar monitorando o mercado, mas diz que é prematuro projetar os efeitos da queda em suas operações.
O mercado espera cortes no preços dos combustíveis, principalmente depois de o presidente Jair Bolsonaro defender a política de preços da estatal.
A companhia, porém, não fez referência a preços dos combustíveis, que vêm acompanhando mais de perto cotações internacionais. Em 2020, gasolina e diesel já foram reduzidos quatro vezes —gasolina subiu uma vez. (Folha)