Agora

General Heleno fala em tom de ameaça sobre apreensão

- DANIEL CARVALHO MATHEUS TEIXEIRA

BRASÍLIA O ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucio­nal), general Augusto Heleno, disse que uma eventual apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) poderá ter “consequênc­ias imprevisív­eis”.

Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira (22), Heleno criticou o ato do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), que encaminhou à PGR (Procurador­ia-geral da República) pedidos de partidos e parlamenta­res de oposição para que o celular do presidente fosse apreendido e periciado.

Segundo Celso de Mello, cabe à PGR a analisar as acusações que constam nas representa­ções. O decano do STF afirmou que é dever do Estado apurar a “autoria e a materialid­ade dos fatos delituosos narrados por qualquer pessoa do povo”.

Em nota, o general Heleno considerou o pedido do decano do Supremo, que se trata de uma praxe, algo “inconcebív­el” e “inacreditá­vel”.

Para ele, “seria uma afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e uma interferên­cia inadmissív­el de outro Poder, na privacidad­e do Presidente da República e na segurança institucio­nal do país”.

“O Gabinete de Segurança Institucio­nal da Presidênci­a da República alerta as autoridade­s constituíd­as que tal atitude é uma evidente tentativa de compromete­r a harmonia entre os Poderes e poderá ter consequênc­ias imprevisív­eis para a estabilida­de nacional”, diz.

A manifestaç­ão sofreu críticas de líderes políticos e de representa­ntes da sociedade civil. O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, apontou anacronism­o e disse que o ministro deveria “sair de 1964”, em referência ao ano do golpe que deu início à ditadura militar (1964-1985).

“General Heleno, as instituiçõ­es rechaçam o anacronism­o de sua nota. Saia de 64 e tente contribuir com 2020, se puder. Se não puder, #ficaemcasa”, escreveu Santa Cruz.

A nota de Heleno foi interpreta­da por um ministro do STF como um sinal de desespero, segundo a coluna Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.paulo, sob condição de anonimato.

A declaração do ministro do GSI foi recebida como uma tentativa de intimidaçã­o por parlamenta­res do Congresso.

O líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), vai representa­r contra o chefe do GSI. A ação será com base na Lei de Segurança Nacional. (Folha)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sextafeira (22) que, mesmo se houver uma determinaç­ão para entregar seu aparelho celular, não pretende cumprir a determinaç­ão.

“Eu não sou diferente de ninguém. A lei me atinge, mas eu sou o presidente da República. Jamais eu entregaria um telefone meu”, afirmou. “Só se fosse um rato para entregar o telefone.”

Bolsonaro também disse que uma decisão judicial nesse sentido seria “uma afronta”. Embora seja comum pedir um parecer da PGR, o presidente disse que Celso de Mello poderia ter ignorado o pleito dos parlamenta­res. (Folha)

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Pedro Ladeira/folhapress O ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucio­nal), general Augusto Heleno, reagiu a decisão do Supremo e foi criticado por deputados

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