Hamilton luta contra o racismo e busca recordes na Fórmula 1
Único negro no grid, piloto da Mercedes pode igualar as sete conquistas de Michael Schumacher
Era para ser “apenas” a temporada em que Lewis Hamilton tentaria igualar ou quebrar os principais recordes do heptacampeão Michael Schumacher na F-1.
Essa busca persiste, mas o campeonato de 2020 da categoria, que começará neste fim de semana na Áustria, ganhou nos últimos meses muitas histórias a serem contadas além da procura por façanhas esportivas do piloto britânico.
A começar por outra faceta de Hamilton, 35 anos, que se tornou uma das vozes importantes do movimento antirracista no esporte. Único piloto negro na categoria, o inglês tem cobrado ações de diretores e colegas para que a principal competição do automobilismo seja mais inclusiva.
O domínio do hexacampeão o ajudou a se engajar cada vez mais na luta contra o racismo e a protagonizar cenas como a vista em Londres na semana passada, quando ele participou de manifestações desencadeadas pela morte de George Floyd nos EUA.
“Estou confiante de que a mudança virá, mas não podemos parar agora”, escreveu o piloto após marchar pelas ruas da capital inglesa.
Em fevereiro deste ano, em seu discurso após receber o prêmio Laureus, Hamilton afirmou que trabalharia pela diversidade racial na Fórmula 1.
A categoria anunciou nos últimos dias a criação do programa “We Race as One” (“Nós Corremos como Um”), com ações voltadas para a inclusão de pessoas de diferentes etnias, gênero e orientação sexual nas pistas e também no quadro de funcionários das equipes.
A atuação de Hamilton levou a Mercedes a apresentar uma nova pintura para o carro, na cor preta.
Caso ocorram novas mudanças, elas não serão as únicas nesta temporada peculiar da Fórmula 1, que marca o aniversário de 70 anos da categoria.
Depois de sucessivos adiamentos por causa da pandemia da Covid-19, a abertura do campeonato ocorrerá na sexta-feira (3), quando o GP da Áustria receberá os primeiros treinos livres.
Os portões estarão fechados para o público, assim como ocorrerá nos sete GPS seguintes que já estão marcados, todos na Europa.
Na cola do alemão
Será a primeira chance para o hexacampeão começar a diminuir a distância para dois recordes que Schumacher ainda possui: vitórias e pódios.
Desde a sua estreia na categoria, em 2007, o britânico subiu 151 vezes ao pódio, 84 delas no lugar mais alto. Em 19 temporadas, o alemão chegou entre os três primeiros 155 vezes, com 91 vitórias.
Com a média de dez vitórias por temporada do inglês desde 2014, não será surpresa vê-lo tomar essas marcas ainda em 2020.
O desempenho do britânico pela Mercedes ajudou a equipe a igualar o recorde da Ferrari, com 6 títulos de construtores seguidos a partir de 2014 —a escuderia italiana teve a mesma sequência de 1999 a 2004, no auge de Schumacher.
Hamilton classificou a temporada 2020 como a mais difícil que a F-1 já conheceu, devido a todas as adaptações que serão necessárias para as provas e pelo fato de o mundo ainda se ver em meio à pandemia.
Ele também terá menos corridas para bater as marcas e um intervalo mais curto entre elas.
O GP Brasil não está entre etapas canceladas, mas não há uma data confirmada.