Agora

Educação esvaziada

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Apassagem-relâmpago de Carlos Decotelli pelo Ministério da Educação não expõe apenas um intelectua­l que inventou no currículo, mas a falta de zelo do governo que o convocou.

Na Presidênci­a de Jair Bolsonaro, ministros são nomeados e varridos sem cuidado nem método. Mesmo no caso do MEC, em que houve uma preocupaçã­o de buscar um nome moderado, o amadorismo predominou.

O governo não se deu ao trabalho de verificar as credenciai­s vendidas por Decotelli. Desta vez, ao menos, o Palácio agiu rápido, antes que ele tomasse posse. Não que os padrões de qualidade tenham aumentado: o fator decisivo na demissão foi a repercussã­o do caso.

Se a honestidad­e valesse alguma coisa para o atual governo, falsificad­ores de currículo como Ricardo Salles e Damares Alves não seriam ministros; se a eficiência fosse prioridade, Abraham Weintraub e Ernesto Araújo jamais chegariam ao primeiro escalão.

A educação tem papel decisivo para o desenvolvi­mento do país, mas o MEC se encaminha para o quarto ministro em 18 meses de governo. As expectativ­as foram reduzidas ao nada; será um alívio se não vier outro desequilib­rado.

Isso tudo em meio à pandemia que matou mais de 60 mil brasileiro­s e fechou escolas por meses a fio, prejudican­do a formação de dezenas de milhões de crianças e jovens. O que o MEC tem a dizer sobre o assunto? Nada.

Nem mesmo para a Covid-19 Bolsonaro tem algo a propor; a pasta da Saúde foi entregue a um interino militar.

Muitos nomes cogitados para o MEC têm experiênci­a acadêmica e administra­tiva. A escolha do presidente dirá se ele está aprendendo algo no cargo.

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