DESTAQUE DO DIA Distritos mais pobres de SP têm mais infectados do que os ricos
Pesquisa diz que 11,4% da população acima de 18 anos foi infectada, ou seja, 958 mil pessoas
A segunda fase de um estudo para verificar a presença do novo coronavírus em São Paulo mostrou que cerca de 16% da população nos bairros mais pobres da cidade foi infectada.
O número é mais que o dobro do observado nos distritos mais ricos da cidade, que registrou 6,5% de pessoas que já tiveram contato com a Covid-19.
Ao todo, a pesquisa revela que 11,4% de toda a população acima de 18 anos foi infectada, ou seja, 958 mil pessoas. O número representa alta de 2,4 vezes entre 4 de maio (quando foi publicado o primeiro mapeamento) e 15 de junho.
A pesquisa, que analisou 1.183 amostras de sangue, mostrou uma incidência 2,5 vezes maior nos participantes que se identificam como negros do que brancos —19,7% versus 7,9%.
O números revelaram ainda que a prevalência da Sars-cov-2 é 4,5 vezes maior nas pessoas que não completaram o ensino fundamental (22,9%) na comparação com os que terminaram o ensino superior (5,1%).
Além disso, os participantes que vivem em habitações com cinco ou mais indivíduos apresentam uma soroprevalência quase duas vezes maior do que aqueles que habitam com um ou dois indivíduos —15,8% e 8,1%, respectivamente.
Celso Granato, professor da Unifesp e diretor clínico do grupo Fleury, afirma que o resultado mostra como a periferia da cidade é mais penalizada e, por isso, diz é preciso trabalhar para reduzir a velocidade de expansão da Covid-19.
A soroprevalência da infecção pelo vírus Sars-cov-2 foi medida na população de todo o município, separando os 96 distritos entre os 60 com maior renda e os 36 com menor renda.
A pesquisa analisou amostras em 115 setores. Em cada um, foram sorteadas 12 residências, e todos os moradores sorteados foram convidados a participar. O objetivo do estudo é avaliar a prevalência da doença na cidade, fornecendo assim ferramentas para monitorar a evolução da pandemia no município. (Folha)