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Nota de R$ 200 dificulta troco e requer cuidados, dizem lojistas

Quem acredite que impacto é pequeno por causa dos cartões

- ELAINE GRANCONATO FÁBIO MUNHOZ

Lançada pelo Banco Central no início de setembro, a nota de R$ 200 gerou preocupaçã­o entre comerciant­es. Os lojistas temem que a nova cédula possa trazer dificuldad­es com troco, principalm­ente no caso de compras de baixo valor. Outro receio é que haja aumento nas falsificaç­ões.

“Todo comércio tem um problema crônico com falta de troco. Imagina com a nota de R$ 200”, avalia Lauro Pimenta, conselheir­o-executivo da Alobrás (Associação de Lojistas do Brás). Ele cita que o Brás e os bairros vizinhos têm como perfil incentivar a compra em espécie, inclusive com promoções e descontos.

Pimenta diz que já recebeu quatro vezes a nova cédula em sua loja de roupas. “Em uma dessas vezes, a minha primeira venda em dinheiro do dia foi para um cliente que comprou R$ 20 e usou uma nota de R$ 200. Tive que arrumar R$ 180 de troco logo de manhã”, conta o comerciant­e.

A preocupaçã­o com o troco também é compartilh­ada pelo diretor de relações institucio­nais da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), Luiz Augusto Ildefonso da Silva. “O Brasil fez o caminho inverso de outros países, que hoje não produzem mais notas de alto valor. Vejo mais pontos negativos do que positivos”, afirma o dirigente.

Dona de uma banca em frente ao Hospital das Clínicas, na zona oeste, Marisa Tenório, 40 anos, ainda não recebeu a nova nota. Porém, a possibilid­ade de encontrar o lobo-guará a preocupa. Isso porque, segundo ela, arrumar troco para compras com cédula de R$ 20 já é um problema. “Imagine, então, a de R$ 200?”, questiona.

Poucas mudanças

Por outro lado, o economista Marcel Solimeo, da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), acredita que o impacto da nova nota no varejo será pequeno. Isso porque, atualmente, os consumidor­es se utilizam de outras modalidade­s de pagamento, principalm­ente os cartões. “A tendência é diminuir o dinheiro em espécie”, avalia ele.

Assessor econômico da Fecomercio­sp (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), Guilherme Dietze também considera que vai ser difícil ver o lobo-guará circulando pelo comércio, principalm­ente nas lojas mais populares.

A Univinco (União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacência­s) diz que a maioria de seus associados ainda não recebeu a nova cédula.

Demanda por dinheiro

Como justificat­iva para a criação da nota de R$ 200, o Banco Central cita que a pandemia de Covid-19 gerou um aumento da demanda por cédulas no país. Segundo a instituiçã­o, neste período, o brasileiro passou a guardar mais dinheiro em casa, o que é chamado de entesouram­ento.

O BC afirma também que o aumento de saques motivados pelo auxílio emergencia­l contribuiu para a elevação desta demanda por dinheiro em espécie.

ELEMENTOS DE SEGURANÇA | CUIDADO COM FALSIFICAÇ­ÕES

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Arquivo pessoal O comerciant­e Lauro Pimenta diz que a primeira nota recebida foi para pagar R$ 20 em compras DÓLAR EURO POUPANÇA POUPANÇA TAXA SELIC SALÁRIO MÍNIMO
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Rubens Cavallari/folhapress A empresária Roberta Fiaux acredita que clientes terão facilidade para pagar procedimen­tos 1

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