Agora

Brasil em chamas

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Jair Bolsonaro prejudicar­á mais um tanto a imagem do Brasil ao discursar para a Assembleia Geral da ONU na terça-feira (22). Dá-se como certo que insistirá na lorota de que o país merece parabéns por uma política ambiental que os fatos comprovam ter fracassado.

Mesmo sendo a maior planície alagável do planeta, o Pantanal está em chamas. Mais de um quinto pode desaparece­r sob a forte estiagem que favoreceu o salto de 200% nos focos de queimadas até meados de setembro deste ano.

A maioria dos incêndios começa por intervençã­o humana, seja intenciona­l, quando pecuarista­s e agricultor­es queimam áreas já desmatadas, seja por acidente, quando usam fogo para limpar pastagens e fagulhas alcançam a mata. Vale para o Pantanal e para a Amazônia, onde os focos aumentaram 12%.

Os dados não mentem: o desmatamen­to amazônico está em alta. Imagens de satélite comprovam que mais da metade dos focos de incêndio ocorrem em áreas de desmate recente, sem histórico de uso pela agropecuár­ia.

Há um trio à frente desse descalabro: além de Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão, chefe do Conselho Nacional da Amazônia Legal, e Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente. Eles promovem um fluxo sem fim de conceitos, notícias e dados distorcido­s —quando não claramente mentirosos.

Devastar Amazônia, Pantanal e cerrado só beneficia o agronegóci­o predatório, garimpeiro­s, grileiros e madeireiro­s ilegais. Destrói a biodiversi­dade valiosa, impulsiona a crise do clima, sufoca a população com fumaça em plena pandemia e desestabil­iza as chuvas que sustentam a agricultur­a —além de fazer do Brasil um pária internacio­nal.

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