Agora

Bolsonaro abandona aliados para ter estabilida­de política

- DANIEL CARVALHO GUSTAVO URIBE

BRASÍLIA Diante de um Orçamento apertado, do medo de sofrer impeachmen­t e de um perfil populista evidenciad­o com a proximidad­e da eleição de 2022, o presidente Jair Bolsonaro abandonou aliados que o ajudaram em 2018 a chegar ao Palácio do Planalto.

Na semana passada, sob a justificat­iva não incorrer em crime de responsabi­lidade fiscal e acabar embasando um processo de impediment­o, Bolsonaro vetou o perdão de dívidas de igrejas, contrarian­do a bancada evangélica, uma das mais fiéis a seu governo.

Para tentar minimizar o mal estar e não implodir a ponte com a frente parlamenta­r, que reúne 195 dos 513 deputados e 8 dos 81 senadores, ele mesmo sugeriu que os congressis­tas derrubem o veto. Na quarta (16), reuniu alguns em um almoço no Planalto e, no sábado (19), participou de evento da Assembleia de Deus Ministério de Madureira.

“A gente preferia que o cenário fosse outro. Mas, do mesmo jeito que foi um dia muito ruim [o do veto], amanhã pode ser um dia maravilhos­o. Nossa relação é muito ideológica”, minimiza o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ).

A bancada da Bíblia, como também é chamada, vai monitorar o comportame­nto dos líderes do governo no Legislativ­o para analisar se o Palácio do Planalto quer mesmo derrubada do veto.

A frente parlamenta­r da segurança pública, mais conhecida como bancada da bala, diz que a maior parte de sua agenda está represada pelo Congresso, não pelo Executivo, e que o apoio ao presidente também se dá por ideologia. O grupo aponta que Bolsonaro tem conversas apenas individuai­s com seus integrante­s.

A bancada, com 306 deputados, apoia o presidente sem nenhum tipo de condição, diz o líder Capitão Augusto (PL-SP). “O pessoal ficou um pouco frustrado por não ter tido nenhum encontro com a bancada. Não teve nenhum evento em que a bancada foi chamada.”

Outra queixa apresentad­a é em relação à recriação do Ministério da Segurança Pública, desmembran­do-o do Ministério da Justiça. Esta pendência, porém, não será resolvida em 2020. Como a reportagem mostrou no início do mês, Bolsonaro desistiu de recriar a pasta, segundo três aliados dele em condição de anonimato.

Sob alegação de questões orçamentár­ias e indisponib­ilidade de cargos, o presidente deixou mais um aliado para trás. Amigo pessoal dele desde 1982, o ex-deputado Alberto Fraga (DEMDF) era cotado para o governo. Agora, junta-se a nomes como o do ex-senador Magno Malta, que saiu da derrota nas urnas confiante de que ganharia um ministério, o que não ocorreu. (Folha)

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 ?? Reprodução no Twitter @jairbolson­aro ?? O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez uma visita neste domingo (20) a um evento promovido por gaúchos moradores de Brasília no Eixão do Lazer; mesmo na pandemia, ninguém usou máscara
Reprodução no Twitter @jairbolson­aro O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez uma visita neste domingo (20) a um evento promovido por gaúchos moradores de Brasília no Eixão do Lazer; mesmo na pandemia, ninguém usou máscara

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