Agora

Brasileiro teme não conseguir itens básicos com novo auxílio

Benef ício pago na pandemia se tornou única renda de muitas famílias; agora, valor caiu pela metade

- LAÍSSA BARROS

Única fonte de renda para milhões de beneficiár­ios durante a pandemia, a redução do valor do auxílio emergencia­l de R$ 600 para R$ 300 preocupa brasileiro­s, que ainda não conseguira­m voltar ao trabalho e não sabem como farão para encher o carrinho do supermerca­do, com a disparada de preços de itens da cesta básica, como arroz, óleo de soja e carnes.

“Sem esse dinheiro não sei o que faria. Estou há mais de um ano desemprega­da e, com certeza, não teria como pagar minhas contas, nem como comprar comida durante a pandemia. Agora, com a mudança no valor, vou ter que focar só na comida, já que essa grana é a minha única renda”, explica Dyane Ayala, 38 anos, que mora com dois filhos na zona leste de São Paulo.

Ela é beneficiár­ia do Bolsa Família e já recebeu cinco parcelas do auxílio emergencia­l. Com a mudança do programa, Dyane terá direito a mais quatro parcelas, mas com o valor reduzido.

“Foi apertado, já que tudo aumentou durante a pandemia, mas agradeço muito essa ajuda. Se todos pudessem contar com essa grana, tudo seria mais fácil. Com o valor menor, vou voltar a focar na comida e não conseguire­i pagar algumas contas”, relata.

De acordo com dados do Dieese (Departamen­to Intersindi­cal de Estatístic­a e Estudos Socioeconô­micos), em agosto, na cidade de São Paulo, o preço da cesta básica com 13 itens essenciais chegou a R$ 539,95, ou seja, praticamen­te o valor antigo do auxílio e muito maior do que os R$ 300 das novas quatro parcelas.

A autônoma Jaqueline Feltrin, 34 anos, critica a redução no benefício emernão gencial. Ela e o marido, também autônomo, viram a renda cair drasticame­nte com as restrições para sair de casa para trabalhar.

Com o auxílio emergencia­l, ela conseguiu complement­ar o orçamento e pagar os boletos mensais da casa onde mora com três filhos em Santo André (ABC). Por isso, Jaqueline teme a diminuição da grana. “Se com os R$ 600 não dava, imagina os R$ 300, está muito difícil para o brasileiro. Ninguém conseguiu voltar a trabalhar e ganhar 100% ainda”, reclama.

“A pandemia ainda não acabou e isso deveria ter sido levado em conta pelo governo”, queixa-se.

Dyane e Jaqueline fazem parte dos 67,2 milhões de brasileiro­s que receberam cinco parcelas do auxílio financeiro durante a pandemia, segundo números do governo federal. Porém, serão todos que continuarã­o dentro do programa para receber mais parcelas.

Com as novas regras dessa etapa, que consideram a declaração do Imposto de Renda de 2020, milhões ficarão de fora. Dentre eles, cerca de 3 milhões de beneficiár­ios do Bolsa Família.

Até 1.903,98 1.903,99 até 2.826,65 De 2.826,66 até 3.751,05 De 3.751,06 até 4.664,68 Acima de 4.664,68

 ?? Fotos Rivaldo Gomes/folhapress ?? Dyane Ayala, 38 anos, mora com dois filhos na Vila Curuçá (zona leste) e está desemprega­da há mais de um ano: “Foi apertado, já que tudo aumentou durante a pandemia, mas agradeço muito essa ajuda”
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Fotos Rivaldo Gomes/folhapress Dyane Ayala, 38 anos, mora com dois filhos na Vila Curuçá (zona leste) e está desemprega­da há mais de um ano: “Foi apertado, já que tudo aumentou durante a pandemia, mas agradeço muito essa ajuda” DÓLAR EURO POUPANÇA POUPANÇA
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A autônoma Jaqueline Feltrin, 34 anos, que mora em Santo André e conseguiu pagar as contas com o auxílio SALÁRIO MÍNIMO INFLAÇÃO ALUGUÉIS UNIDADE FISCAL

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