Escolas públicas têm adesão menor do que as particulares
Rede privada recebe até 100% dos estudantes em rodízio; na estadual, 17% dos alunos voltaram
A volta das escolas em São Paulo abriu um novo flanco na desigualdade entre o ensino público e o particular. Enquanto unidades privadas chegam a registrar, em esquema de rodízio, a volta presencial de 70% a 100% dos alunos, na rede pública o retorno iniciou mais minguado.
Ao todo, 17% dos 3,5 milhões de estudantes das escolas estaduais voltaram à sala de aula na primeira semana do ano letivo, segundo a Secretaria da Educação da gestão João Doria (PSDB).
Na rede municipal, a administração Bruno Covas (PSDB) estima que 300 mil de 1 milhão de alunos (30% do total) frequentaram as aulas presenciais ao menos um dia na semana passada.
Em colégios da rede particular, a realidade é outra. A reportagem procurou unidades da rede privada na capital paulista que atendem alunos de alto nível socioeconômico. Nove delas responderam e informaram uma adesão ao retorno presencial entre 70% a 100%.
Para cumprir o decreto municipal que permite a volta só de 35% do alunado, essas escolas organizaram um revezamento das turmas para que todas as crianças interessadas pudessem retornar pelo menos um dia da semana.
No Gracinha, no Itaim Bibi (zona oeste), por exemplo, a adesão ao retorno presencial oscilou de 80% a 100% dos estudantes.
No caso de quem não voltou, os alunos continuarão a ter aulas a distância. O problema é que em 2020 muitos não realizaram as atividades remotas —30% no caso do ensino fundamental.
Pesquisador do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, João Marcelo Borges integrou um grupo que estudou a questão em países europeus.
Ele diz ter observado que a chave para a adesão foi o convencimento das famílias pelas comunidades escolares. “O diretor ia à escola, fazia um vídeo e mostrava como seriam aplicados os protocolos.” (Folha)