Agora

A espiã de Brasília

Filha de uma ex-policial, Sarah é um dos destaques do BBB 21 por saber observar os passos dos adversário­s

- FERNANDA PEREIRA NEVES

Em uma das edições mais polêmicas do Big Brother Brasil, Sarah Andrade chegou devagar. Anônima, do grupo Pipoca, ela apareceu pouco na primeira semana, o que lhe garantiu um lugar no primeiro paredão. Quase um mês depois, ela assumiu o comando do jogo e desponta como uma das favoritas.

“Fiquei bem angustiada no começo, porque ela não teve chance de se mostrar com tanta gente lá. Até ela se manifestar a favor do Lucas [Penteado], não tinha tido voz. Mas quando ela começou a se posicionar, eu fiquei mais tranquila. Ela não é deslumbrad­a e não segue as pessoas se não é o que ela acredita”, afirma Ellen Peters, amiga de Sarah.

Brasiliens­e de 29 anos, filha única de mãe negra e mineira e pai branco e nordestino, Sarah chegou ao BBB 21 após várias tentativas. Ela se inscreveu mandando um vídeo, e na quinta tentativa deu certo.

A mãe dela, Maria Abadia Vieira de Souza, 60 anos, conta que o BBB é uma paixão compartilh­ada pelas duas e até foi tema do TCC (trabalho de conclusão de curso) da filha.

Ellen, que se descreve como uma das melhores amigas de Sarah, agora é sua assessora de imprensa. Juntas, elas fizeram os preparativ­os, antes mesmo de terem certeza que Sarah estaria no BBB 21. Tentaram se preparar pensando em temas que poderiam surgir na casa, como racismo e homofobia, e chegaram a fazer vídeos à la Manu Gavassi.

“Eu sei a opinião da Sarah, mas queria saber como ela queria que expuséssem­os essa opinião. Ela chegou a fazer vídeos tipo Manu, mas achou ridículo. A gente combinou então que íamos trabalhar na espontanei­dade”, diz Ellen.

Os temas que as duas estudaram acabaram aparecendo de verdade, talvez não da forma que imaginaram. A amiga conta que chegou a se preocupar quando viu o vídeo de apresentaç­ão de Sarah na Globo, falando que morou em Los Angeles e que gosta de festas. “Passou uma ideia que nem é real, ela parecia uma patricinha”, ri.

Ellen conta que já imaginou ali que a amiga seria alvo de críticas e preconceit­o. “Essa questão é real para a Sarah desde pequena. A mãe dela, que é negra, chegou a ser apontada como babá dela quando a levou para vacinar.”

No reality, Sarah chegou a desabafar chorando: “Só porque eu sou branca e loira vou ter que me sentir culpada por isso? Sendo que as minhas raízes nem são! Muito injusto. Eles, que pregam tanto igualdade, querem fazer o preconceit­o ao contrário. É querer retroceder.”

Para amigos e parentes que estão do lado de fora, a sensação foi de impotência. Ellen, por exemplo, diz que chora com a amiga diante da televisão.

 ?? João Cotta ??
João Cotta
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil