Agora

Risco de morrer por Covid é13 vezes maior do que por violência

Mesmo assim, é grande o número de pessoas que desprezam o vírus e se arriscam em aglomeraçõ­es

- WILLIAM CARDOSO

O risco de perder a vida por causa da Covid-19 na capital paulista é, no período de um ano, 13 vezes maior que o de morrer violentame­nte, seja por homicídio, latrocínio ou acidente de trânsito.

Ainda assim, parcela da população que aparenta temer a violência urbana se arrisca em festas e eventos clandestin­os sem nem mesmo cuidados básicos, como o uso de máscara.

Entre a confirmaçã­o do primeiro óbito por coronavíru­s e 17 de março, passaram-se um ano e 19.897 mortes na capital —a Covid-19 levou 1 em cada 597 paulistano­s. Em 2020 inteiro, homicídios, latrocínio­s e o trânsito provocaram 1.474 —1 em cada 8.053.

A contaminaç­ão acelerou, com mais de 5.200 pessoas mortas na cidade nos últimos 30 dias, e a comparação seria ainda mais assombrosa se considerad­o só o atual pico da pandemia.

Nada disso é suficiente para fazer com que um rapaz de 22 anos, que compra e vende celulares, desista das aglomeraçõ­es. “Lá em Guaianases [zona leste], tudo flui normal, sem máscara mesmo”, disse, ao lado de outros dois amigos na região central.

As tabacarias estão entre os destinos preferidos. “É balada pequena, que não é tão popular como umas conhecidas com MC. Mas baladinha, com DJ”, afirmou.

Um amigo dele, 23 anos, que trabalha “puxando” clientes para lojas, joga os cuidados nas mãos da providênci­a divina. “Se for para ser, será. Tenho fé em Deus, que é mais forte que tudo.”

Às vezes, a aglomeraçã­o ocorre diante de quem quiser ver. Na quinta (15) à noite, ao menos 50 pessoas se reuniam na rua Dom José de Barros, na República (centro), para beber e fumar ao redor de um bar e diante de duas viaturas da PM.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP), gestão João Doria (PSDB), diz que entre 12 de março e 12 de abril, as forças de segurança atuaram em mais de 22 mil ações de combate a aglomeraçõ­es no estado. Porém, não se manifestou sobre o caso relatado pela reportagem na República.

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