Risco de morrer por Covid é13 vezes maior do que por violência
Mesmo assim, é grande o número de pessoas que desprezam o vírus e se arriscam em aglomerações
O risco de perder a vida por causa da Covid-19 na capital paulista é, no período de um ano, 13 vezes maior que o de morrer violentamente, seja por homicídio, latrocínio ou acidente de trânsito.
Ainda assim, parcela da população que aparenta temer a violência urbana se arrisca em festas e eventos clandestinos sem nem mesmo cuidados básicos, como o uso de máscara.
Entre a confirmação do primeiro óbito por coronavírus e 17 de março, passaram-se um ano e 19.897 mortes na capital —a Covid-19 levou 1 em cada 597 paulistanos. Em 2020 inteiro, homicídios, latrocínios e o trânsito provocaram 1.474 —1 em cada 8.053.
A contaminação acelerou, com mais de 5.200 pessoas mortas na cidade nos últimos 30 dias, e a comparação seria ainda mais assombrosa se considerado só o atual pico da pandemia.
Nada disso é suficiente para fazer com que um rapaz de 22 anos, que compra e vende celulares, desista das aglomerações. “Lá em Guaianases [zona leste], tudo flui normal, sem máscara mesmo”, disse, ao lado de outros dois amigos na região central.
As tabacarias estão entre os destinos preferidos. “É balada pequena, que não é tão popular como umas conhecidas com MC. Mas baladinha, com DJ”, afirmou.
Um amigo dele, 23 anos, que trabalha “puxando” clientes para lojas, joga os cuidados nas mãos da providência divina. “Se for para ser, será. Tenho fé em Deus, que é mais forte que tudo.”
Às vezes, a aglomeração ocorre diante de quem quiser ver. Na quinta (15) à noite, ao menos 50 pessoas se reuniam na rua Dom José de Barros, na República (centro), para beber e fumar ao redor de um bar e diante de duas viaturas da PM.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP), gestão João Doria (PSDB), diz que entre 12 de março e 12 de abril, as forças de segurança atuaram em mais de 22 mil ações de combate a aglomerações no estado. Porém, não se manifestou sobre o caso relatado pela reportagem na República.