Tricolor adota política pés no chão e evita metas de títulos
Em seu departamento financeiro, time do Morumbi não projeta receber dinheiro por conquistas
O São Paulo adotou uma atitude conservadora ao estabelecer suas metas para os torneios de 2021: de acordo com sua proposta orçamentária para a temporada, o Tricolor deve chegar, no mínimo, à semifinal do Paulista, às oitavas de final da Libertadores, às quartas de final da Copa do Brasil e ao sexto lugar do Brasileirão. O motivo para isso é financeiro, e não técnico.
As definições não são tratadas como metas esportivas pelo departamento de futebol na gestão de Julio Casares —essas são mais ousadas. Elas servem para evitar problemas de planejamento: como as premiações pagas pelas entidades esportivas entram no orçamento, mas variam pela colocação final nos torneios, se o São Paulo propusesse metas ousadas (como o título do Brasileirão) e não alcançasse esse objetivo, receberia menos do que esperava ao final do ano. Assim, correria o risco de faltar dinheiro para pagar contas.
Em 2020, o São Paulo apostou em resultados esportivos parecidos em sua proposta orçamentária, mas não os atingiu. O clube mirou a semifinal do Paulistão
e foi eliminado pelo Mirassol nas quartas. Na Libertadores, a ideia era chegar às oitavas de final, mas parou na fase de grupos. No Brasileiro, a posição apontada era a quarta, justamente a colocação alcançada. O Tricolor superou o que foi colocado na Copa do Brasil ao ser eliminado na semifinal para o Grêmio. O documento estimava uma participação nas quartas de final.
A proposta orçamentária para 2021 prevê receita de R$ 460,7 milhões, sendo R$ 176 milhões em vendas de atletas, e despesas de R$ 448,2 milhões, com superávit líquido de R$ 12,5 milhões. Há uma estimativa de redução do endividamento geral do clube em R$ 91,4 milhões e também a possibilidade de um caixa líquido de R$ 160 milhões.
A atitude conservadora tem origem nas pendências herdadas pela atual administração. A dívida do São Paulo até dezembro do ano passado, último mês da gestão de Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, era de R$ 580 milhões. O presidente Julio Casares conversa com credores a fim de sanear as finanças do clube. A ideia é equacionar a dívida e pagar ao menos 30% dela até o fim do mandato, em dezembro de 2023. (UOL)