EUA querem que Brasil mostre plano ambiental
País espera que Bolsonaro diga que não vai mais tolerar desmatamento ilegal
O governo dos EUA já traçou o roteiro que espera do discurso de Jair Bolsonaro durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima, marcada por Joe Biden para os dias 22 e 23 deste mês.
Os americanos querem que Bolsonaro afirme que não vai mais tolerar o desmatamento ilegal no Brasil e apresente um plano concreto para diminuir os números de destruição das florestas no curto prazo.
O presidente brasileiro avalia anunciar mais recursos para agências como Ibama e ICMBIO durante a cúpula de Biden, mas enfrenta resistência do Ministério da Economia, que não quer ampliar despesas em meio à pandemia e à crise fiscal.
Interlocutores americanos dizem querer ver no encontro mais do que apenas o compromisso de Bolsonaro com o fim do desmatamento ilegal até 2030, como o brasileiro escreveu em carta para Biden na semana passada. Eles insistem que é preciso mostrar ações imediatas para que as promessas produzam o que chamam de resultados tangíveis e confirmam que mais recursos para o meio ambiente seria uma delas.
Com o avanço das conversas entre autoridades dos governos brasileiro e americano, os EUA dizem que não vão estabelecer um número específico que o Brasil tem que alcançar neste ano no combate ao desmatamento, mas exigem sinalizações políticas e um cronograma claro sobre o assunto no discurso de Bolsonaro na cúpula —a previsão é que o presidente brasileiro fale por três minutos na quinta-feira (22).
Os americanos dizem estar cientes de que não haverá uma queda brusca no desmatamento do Brasil nos próximos meses, mas a condição é que os números não aumentem — os índices de destruição da Amazônia atingiram novos recordes em março.
A ordem inicial de Joe Biden é o diálogo para a construção de possíveis acordos no futuro, mas sanções contra o Brasil não estão descartadas caso as metas não sejam atingidas. (Folha)