Clima de expectativa
Em 2015, ao tratar da crise do clima, o Acordo de Paris estabeleceu que os países deveriam adotar medidas de redução de emissão de carbono para que a temperatura média do planeta não ultrapassasse em mais de 1,5ºc os níveis da era pré-industrial. As ações, porém, revelaram-se insuficientes —os termômetros já subiram dois terços disso (1ºc).
Nesta quinta-feira (22), a convite do presidente dos EUA, Joe Biden, líderes de 40 nações se reunirão virtualmente para tentar barrar esse avanço.
Há motivos para certa esperança. Biden e a China anunciaram que as duas potências se comprometem a ampliar o combate ao aquecimento global. Mais do que por boas intenções, os EUA se movem após perderem para os chineses a liderança em tecnologias verdes.
O acerto entre os dois maiores poluidores, de todo modo, eleva a pressão sobre os demais países para que façam mais. A União Europeia, que responde por 7,5% das emissões, hoje patina no cumprimento dos seus objetivos.
O Brasil figura entre os dez maiores poluidores, com 3%, atrás da Índia (6,7%) e da Rússia (4%). Nossas emissões, em maior parte, são resultantes do desmatamento, que provoca perda de biodiversidade e atrapalha o regime de chuvas.
O governo Jair Bolsonaro simula inédita preocupação com a questão, mas a intenção mesmo é arrancar recursos para fazer o oposto do que pratica há dois anos, com carta branca a desmatadores.
O mundo e os brasileiros esperam medidas ambiciosas, concretas e eficientes. No entanto, Bolsonaro e Ricardo Salles, o antiministro do Meio Ambiente, parecem acreditar que conseguirão enganar a todos, saindo da cúpula sem a pecha de párias na comunidade internacional.