Ingleses abandonam Superliga, que derrete 2 dias após criação U
Arsenal, Liverpool, Manchester United, Manchester City e Tottenham oficializam desistência
A Superliga europeia, projeto multibilionário de 12 dos clubes mais ricos do continente oficializado no domingo (18) e que prometia revolucionar o futebol, sofreu um grande baque 48 horas após ser criada.
O Manchester City, um dos seis ingleses entre os clubes fundadores, se tornou o primeiro integrante a anunciar sua desistência, nesta terça (20), conforme noticiou no site oficial.
A decisão foi seguida por Manchester United, Liverpool, Arsenal e Tottenham, que se manifestaram praticamente ao mesmo tempo, no fim da noite na Europa.
“Cometemos um erro e pedimos desculpas por isso”, disse o Arsenal, destacando que a resposta negativa da torcida foi determinante para voltar atrás.
O Tottenham adotou a mesma linha do seu rival de Londres. “Lamentamos a ansiedade e o aborrecimento causados pela proposta. Sentimos que era importante que o nosso clube participasse no desenvolvimento de uma possível nova estrutura que buscava garantir o fair play e a sustentabilidade financeira.”
De acordo com a imprensa inglesa, o Chelsea também prepara sua retirada do grupo dissidente, que nos últimos dias irritou federações internacionais como Uefa e Fifa, além de ter despertado protestos de torcedores principalmente na Inglaterra.
Os maiores protestos ocorreram justamente em frente ao estádio do Chelsea nesta terça, pouco antes de o time de Londres entrar em campo pela Liga Inglesa. As manifestações, inclusive, atrasaram a partida contra o Brighton em 15 minutos.
O ex-goleiro da equipe e hoje consultor técnico do clube Petr Cech foi até os torcedores para pedir que eles não bloqueassem o acesso ao estádio.
A informação que o clube controlado pelo russo Roman Abramovich prepara sua saída da Superliga foi divulgada inicialmente pela BBC. Os torcedores do Chelsea a comemoraram como se fosse um gol.
Em entrevista ao jornal francês L’equipe, o presidente do Real Madrid e também mandatário da Superliga, Florentino Pérez, declarou que não teme pelas possíveis desistências dos fundadores.
“A situação é tão grave que todos estão de acordo em levar adiante esse projeto e buscar uma solução. Acreditamos que isso é o melhor e que é nossa responsabilidade [fazer a Superliga acontecer]. Estamos dispostos a falar com todos para salvar o futebol.”
Arsenal (ING), Atlético de Madrid (ESP), Barcelona (ESP), Chelsea (ING), Inter de Milão (ITA), Juventus (ITA),
Liverpool (ING), Manchester City (ING), Manchester United (ING), Milan (ITA), Real Madrid (ESP) e Tottenham (ING) foram os 12 clubes fundadores.
Pressão total
Os movimentos durante a noite europeia nesta terça ocorreram após uma manhã e tarde de pressão crescente entre governos e entidades esportivas contra a criação da Superliga. O J.P. Morgan foi apontado como investidor inicial da empreitada, ao custo de US$ 4 bilhões (R$ 22 bilhões).
No Reino Unido, isso virou de fato tema de Estado. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que nenhuma ação estava fora da mesa para impedir a criação do torneio. De acordo com ele, o governo avalia todas as opções, incluindo novas leis.
Impostos, revisão no modelo de propriedade, restrições de vistos e viagens também estão em discussão, de acordo com a imprensa local, para combater a ideia que os críticos veem como anticoncorrencial.
O primeiro-ministro britânico pretende ainda discutir o tema com líderes da Espanha e da Itália, os outros países com times na Superliga até o momento.
Após reunião com os 14 dos 20 clubes que não fazem parte da iniciativa, a Liga Inglesa disse que rejeitou “unanimemente e vigorosamente” a Superliga.
O espanhol Pep Guardiola, técnico do Manchester City, também falou sobre o torneio e criticou elementos esportivos dele, como a inexistência de rebaixamento e as vagas cativas para times: “Não é um esporte se o sucesso está garantido ou se não importa quando você perde. Já disse muitas vezes que quero uma Liga Inglesa de sucesso, não apenas com uma equipe no topo”.
Sem citar diretamente a possibilidade de exclusão de times e jogadores das competições organizadas pela entidade, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, voltou a demonstrar desaprovação à ideia da Superliga. “Se alguns seguirem seu próprio caminho, então devem viver com as consequências de sua escolha. Ou você está dentro ou está fora. Não pode estar meio dentro e meio fora.” (Folha)
O Manchester City confirma que iniciou
legalmente os procedimentos para se desvincular do grupo da Superliga europeia
Manchester City, em nota