Em discurso, Bolsonaro não deve detalhar plano climático
Sob pressão, presidente enfrenta maior teste internacional em fala na Cúpula do Clima
BRASÍLIA O presidente Jair Bolsonaro enfrenta seu maior desafio na arena internacional nesta quinta (22), quando realiza um breve discurso na Cúpula de Líderes sobre o Clima organizada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
O líder brasileiro terá apenas três minutos para tentar desfazer a imagem que ele mesmo cultivou nos últimos anos e que hoje é partilhada por boa parte dos governos estrangeiros: a de um chefe de Estado descompromissado com a preservação do meio ambiente e, particularmente, da Amazônia; adversário de povos indígenas e obstáculo para a proteção de uma das áreas de maior biodiversidade no planeta.
De acordo com pessoas que acompanham os preparativos, Bolsonaro deve repetir em seu discurso, de forma mais concisa, a mensagem antecipada em carta enviada a Biden no dia 14 de abril. No documento, o líder brasileiro prometeu acabar com o desmatamento ilegal até 2030.
Os mais recentes dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostraram que a área de alertas de desmatamento na Amazônia em março foi 12,6% maior do que a registrada no mesmo mês de 2020. E há temores no governo de que os dados de abril não indiquem queda.
As dificuldades em conter os índices são uma das razões que levaram o governo a estudar novamente a ampliação da ação dos militares no combate a crimes ambientais na Amazônia —embora o Planalto já houvesse anunciado a retirada desse efetivo. Em outra frente, negociadores americanos e europeus têm recebido com preocupação relatórios sobre a gestão de Salles à frente do Meio Ambiente. (Folha)