Segredos, revolta e traição: as últimas horas da Superliga
Dirigentes envolvidos com a competição chegaram a negar a criação do evento poucos dias antes
A Superliga Europeia é um projeto que alguns dirigentes do futebol europeu têm defendido há alguns anos. Com a pandemia do novo coronavírus, alguns deles se uniram para tentar emplacar o projeto no início desta semana. Entretanto, por pressão da Fifa, Uefa, confederações nacionais e de suas próprias torcidas, nove, dos 12 clubes, desistiram do projeto.
Os clubes envolvidos na Superliga foram Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid (Espanha), Inter de Milão, Juventus e Milan (Itália), Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham (Inglaterra). Destes, só Real, Barça e Juve não se desligaram oficialmente, mas aceitaram a derrota.
Na prática, a Superliga seria um torneio continental com a participação de 20 clubes, dos quais 12 (os fundadores) não precisariam se classificar nem seriam rebaixados
Em cerca de 48 horas, todo o sistema planejado para o torneio bilionário ruiu.
Os times ingleses foram os primeiros a saltar do barco, o que foi suficiente para que outros times fizessem o mesmo.
Ameaça e traição
Na semana passada, o presidente recém-eleito do Barcelona Joan Laporta comunicou ao presidente da La Liga, Javier Tebas, que os culés certamente se uniriam a outros clubes para a formação da Superliga.
Tebas sentiu a chegada do golpe e se reuniu com presidentes de outras confederações para discutir o caso, segundo o jornal The New York Times.
Quando soube da notícia, o presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, ficou desesperado e quase não acreditou, tendo em vista que semanas antes, dirigentes da Juve disseram para ele que as chances de o torneio acontecer não passavam de boatos.
Após digerir a notícia, Ceferin decidiu falar diretamente com seu amigo e presidente da Juventus, Andrea Agnelli. O chefe da Uefa não foi atendido. Então resolveu ligar para a mulher de Agnelli e deixar um recado. A estratégia funcionou e o contato aconteceu.
Na nova conversa sobre a Superliga, Agnelli tranquilizou Ceferin e disse que “estava
tudo bem” —mentira. Na segunda seguinte (19), à noite, os clubes anunciaram a criação do torneio.
Revolta
O principal combustível que impulsionou e também incinerou a Superliga foi a revolta —a começar pelos clubes. Os gigantes e milionários clubes europeus estavam há muito tempo insatisfeitos com a organização da Uefa, especialmente quando se trata da distribuição de renda para clubes menores.
Início do fim
Após a péssima repercussão do torneio e dois dias de protestos, a Superliga deu seu suspiro final na manhã de quarta. Atlético, Milan e Inter de Milão saltaram fora do barco e isso desestabilizou tudo ainda mais.
A desistência dos clubes fez a Juventus soltar uma nota informando que aceitou a derrota do projeto, mas que ainda acreditava na ideia. Os presidentes do Real Madrid e do Barcelona também continuaram a defender a Superliga ao longo do dia. Os fundadores da competição anunciaram que ainda vão remodelar o projeto. (UOL)