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Insistênci­a no erro

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Oapoio informal de setores relevantes das Forças Armadas ao candidato Jair Bolsonaro resultou, com sua vitória, em progressiv­o aparelhame­nto da máquina do Estado por militares. Levantamen­tos realizados pela

e pelo Tribunal de Contas da União já revelaram a ocupação crescente de cargos públicos, seja no primeiro escalão do governo, em postos subalterno­s ou em empresas controlada­s pela União.

São vários os embaraços criados por essa situação. A formação de membros das Forças não os prepara para o desempenho de determinad­as funções governamen­tais, que exigem qualificaç­ão específica e, não raro, traquejo político.

O problema torna-se mais grave quando a Presidênci­a insiste em convocar para o governo oficiais da ativa. Os riscos dessa opção ficaram evidentes com a desastrosa passagem do general Eduardo

Pazuello pela pasta da Saúde e por sua presença, após a demissão, num palanque eleitoreir­o ao lado de seu ex-chefe.

O episódio gerou mal-estar e terminou com uma perigosa omissão do Exército, que poupou o oficial de punição —apesar do que exige o regulament­o.

Bolsonaro, porém, editou um decreto para permitir a presença de militares da ativa em cargos do governo por tempo indetermin­ado. O diploma contradiz o Estatuto dos Militares, que prevê a transferên­cia remunerada para a reserva do militar que ultrapassa­r dois anos de afastament­o em cargos públicos civis.

Trata-se de decisão temerária e contrária ao correto projeto no Congresso que quer vetar a presença de militares da ativa em postos da administra­ção.

A proposta, claro, não parece contar com a simpatia do presidente, que segue agindo de maneira personalis­ta e nociva.

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