Agora

Brasileira relata o momento que prédio desmoronou na Flórida

‘Abri a porta e não tinha mais corredor’, conta empresária; número de mortos sobe para 20

- FLÁVIA MANTOVANI

A maioria dos moradores estava dormindo no momento da desabament­o do prédio em Surfside, ao norte de Miami Beach, na Flórida. A empresária brasileira Deborah Soriano, 58 anos, porém, estava limpando a casa após ter recebido amigas para jantar. De repente, sentiu uma explosão e foi jogada para o outro lado do cômodo.

Quando abriu a porta de seu apartament­o, deparouse com o vazio. “Não tinha ideia do que estava acontecend­o, se era ataque terrorista, se era terremoto, não deu para captar”, conta. “Fui ao terraço e vi tipo uma neblina, não dava para enxergar nada. Quis sair, abri a porta do apartament­o e não tinha corredor. Não tinha mais nada. Estava tudo despencado.”

Deborah morava no 11º andar, e o apartament­o ao lado do dela foi um dos que desmoronar­am. Conseguiu sair pela escada de emergência, encontrou outros vizinhos na parte de baixo, mas as portas estavam bloqueadas pelo entulho. “A gente achou um buraco na parede, se meteu por esse buraco, foi de buraco em buraco até conseguir sair perto da frente do prédio. Aí os bombeiros vieram com um monte de escadas. Foi bem louco, na verdade, não sei nem quanto tempo durou tudo isso.”

Muitos de seus vizinhos de andar estão desapareci­dos. Ela afirma acreditar que estar acordada no momento da tragédia fez diferença para que conseguiss­e se salvar, pois estava alerta. Para manter a calma, Deborah conversou pelo telefone com seu filho enquanto escapava.

Conseguiu trocar de roupa e pegar a bolsa. “Fui bem louca de sair de bolsa, mas pensei que se alguma coisa me acontecess­e ao menos teria uma identifica­ção ali comigo.”

Filha de bombeiro

O número de mortos na tragédia subiu para 20 nesta sexta-feira (2), depois que as equipes de resgate encontrara­m dois corpos no meio dos destroços. Entre eles, o de uma menina de sete anos, filha de um bombeiro de Miami.

É a terceira criança a ser encontrada morta nos escombros do Champlain Towers South, que colapsou na madrugada de 24 de junho. A prefeita da cidade, Daniella Levine Cava, disse que a descoberta foi especialme­nte dura para os bombeiros, que têm trabalhado para tentar encontrar sobreviven­tes, algo menos provável a cada dia.

“Cada vítima que a gente retira é muito difícil”, disse o chefe dos bombeiros da região, Alan Cominsky. “Na noite passada foi ainda mais, quando encontramo­s a filha de um colega. Como bombeiros, fazemos o que fazemos. É um tipo de chamado, sempre dizemos isso. Mas ainda nos custa muito.”

No nono dia de buscas, ainda há 128 desapareci­dos nos escombros. (Folha)

 ?? Marco Bello/reuters ?? Equipes de resgate buscam vítimas de desabament­o em Surfside, na Flórida; ainda há 128 desapareci­dos na tragédia que já deixou 20 mortos. Brasileira conta como escapou de apartament­o no 11º andar
Marco Bello/reuters Equipes de resgate buscam vítimas de desabament­o em Surfside, na Flórida; ainda há 128 desapareci­dos na tragédia que já deixou 20 mortos. Brasileira conta como escapou de apartament­o no 11º andar

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