Short masculino está cada vez mais curto
Antes motivo de chacota, peça ganha passarelas de grifes como Prada e famosos como Gusttavo Lima
O shortinho masculino deixou de ser “crime fashion”. A peça hoje povoa as passarelas de grifes e aperta as virilhas de alguns ricos e famosos. Mas será que o homem médio adotará shorts tão curtos? “Depende um pouco do comprimento”, diz Sofia Martinelli, da consultoria WGSN.
“Em desfiles internacionais que acabaram de acontecer —Prada, JW Anderson, Fendi—vimos uns shorts muito curtinhos, no comecinho da coxa mesmo. Isso não vai chegar ao Brasil imediatamente. Inclusive eu acho bem difícil isso entrar numa moda massiva”, acrescenta.
O renascimento da peça tem uma forte ligação com os esportes e o mundo fitness, mas tem portavozes na indústria cultural. Fato é que há hoje uma maior abertura do público masculino para a peça, ainda que não nas suas versões mais extremas. “Durante muito tempo eu vendi o mesmo tanto de shorts e bermudas. No verão passado, o short saiu bem mais que a bermuda. E esse short mais curto ainda teve uma venda grande também”, conta o estilista Amir Slama, que apresenta esse tipo de peça em seus desfiles pelo menos desde 2018. “A gente sente desde o verão passado uma procura por shorts mais curtos, não só para ir à praia, mas também para usar na cidade.”
“Historicamente o homem sempre usou mais bermuda. Todavia, não é a primeira vez que esses shorts estão curtos. Se você olhar a seleção brasileira da Copa de 1982, os calções eram bem curtos e justos”, diz o historiador João Braga, professor da Fundação Armando Álvares Penteado.
Os três concordam que as tais calças curtíssimas também carregam um elemento de erotismo, num momento em que o homem é mais livre para expressar a sua sexualidade, seja ela qual for. “Essa era de culto ao corpo, não só como forma de saúde, mas também de padrão estético, vem a partir dos anos 1980”, afirma João Braga. (Folha)