Agora

Delibere, Arthur Lira

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Opresident­e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), precisa deixar de lado o cinismo e dar uma satisfação à sociedade sobre as gravíssima­s acusações contra Jair Bolsonaro dormentes em seu gabinete.

A pilha com mais de uma centena de pedidos de impeachmen­t cresceu na quarta (30) com a apresentaç­ão de uma extensa peça condensand­o diversas acusações de crime de responsabi­lidade.

A iniciativa, que reuniu políticos de esquerda, centro e direita, lista uma impression­ante quantidade de ofensas, por parte de Bolsonaro, à Constituiç­ão e à lei de 1950 que regula o impeachmen­t.

A negligênci­a com o direito à saúde da população, a participaç­ão em atos antidemocr­áticos, a incitação ao descumprim­ento de leis, as interferên­cias abusivas em instituiçõ­es de Estado, os ataques ao Supremo Tribunal Federal, o levantamen­to de suspeitas infundadas de fraude eleitoral e os múltiplos atentados ao decoro exigido para o exercício do cargo configuram razões jurídicas abundantes para iniciar o processo de responsabi­lização presidenci­al.

Ao deputado Arthur Lira, na condição de presidente da Câmara, assiste o direito de discordar dessa interpreta­ção, como parece ser o caso. O que destoa da solenidade esperada de um chefe de Poder é o modo informal e hipócrita com que vem tratando esse tema.

Ele reclamou mais materialid­ade nos pedidos de impeachmen­t —talvez espere uma confissão pública de culpa.

Que Lira coloque seus argumentos em papel oficial, como é sua obrigação, e dê-se ao trabalho de refutar as imputações contra Bolsonaro. A embromação interessei­ra não serve ao país, só a quem negocia apoio a presidente fraco.

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