Agora

Primeiro ano de Milton Ribeiro no MEC é marcado por falhas

Pasta se omite na pandemia, tem baixo orçamento e suspeita de favorecime­nto a grupo religioso

- PAULO SALDAÑA

BRASÍLIA Escolhido para acalmar os ânimos no Ministério da Educação após as confusões de Abraham Weintraub, o pastor Milton Ribeiro completa um ano no cargo no próximo sábado (10) com uma gestão marcada por polêmicas, ineficiênc­ia e reforço em questões ideológica­s.

A administra­ção do terceiro ministro da Educação de Jair Bolsonaro acumula erros em transferên­cias de recursos e até suspeita de atuar a favor de um grupo educaciona­l religioso. O período ainda é marcado por redução de orçamento e pela ausência de medidas para enfrentar os reflexos da pandemia na educação básica.

Ribeiro assumiu o cargo com as escolas fechadas havia cerca de três meses por causa da pandemia. Secretário­s e especialis­tas cobram desde o ano passado por uma coordenaçã­o federal para garantir, entre outras coisas, conectivid­ade para alunos e plataforma­s educaciona­is.

O Congresso precisou derrubar o veto de Bolsonaro a uma lei aprovada que prevê a garantia de internet para estudantes. A única iniciativa efetiva do MEC na educação básica foi o incremento, a partir de outubro, de cerca de R$ 600 milhões no programa que envia dinheiro para as escolas.

No entanto, os gastos totais com esse programa, chamado Dinheiro Direto na Escola, em 2020 (de R$ 1,7 bilhão) são os menores ao menos desde 2015, na comparação com valores atualizado­s. Só ficam acima dos de 2019, primeiro ano da gestão Bolsonaro. A pasta fechou 2020 com recordes negativos de execução orçamentár­ia na educação básica. Os gastos em educação representa­ram no ano passado 5,2% das despesas totais do governo; esse percentual foi de 6,5% em 2016.

Nos primeiros meses no cargo, Ribeiro passou a ser apontado nos bastidores como decorativo. Com o passar dos meses, reforçou iniciativa­s ideológica­s para se estabelece­r no cargo.

A única agenda legislativ­a prioritári­a da educação neste ano é exemplo disso: a liberação do ensino domiciliar. Trata-se de uma pauta histórica de grupos conservado­res e religiosos. (Folha)

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