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Crise desequilib­ra renda entre negros e brancos

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Para especialis­tas, a tendência de piora do desequilíb­rio de renda entre negros e brancos no país é, provavelme­nte, explicada pela crise que a economia atravessa, quase de forma ininterrup­ta, desde 2014.

Recessões tendem a afetar desproporc­ionalmente a camada mais vulnerável da população no Brasil, formada sobretudo de pretos e pardos.

Os negros são maioria entre os trabalhado­res informais, os menos escolariza­dos e os profission­ais menos qualificad­os. Não por acaso, em meio à pandemia, também estão entre os mais atingidos pelo desemprego de longa duração.

Essa constituiç­ão da sociedade brasileira, que pesquisado­res chamam de racismo estrutural, é legado da escravidão e de como as elites organizara­m a estrutura produtiva do país após a abolição.

“De cada dez anos da história do Brasil, sete foram de escravidão. A colonizaçã­o não usa a violência, ela é a violência, por trás da qual existia a ideia de superiorid­ade dos europeus sobre outros grupos humanos”, diz a psicóloga Lia Vainer, que pesquisa branquitud­e e relações raciais.

No Brasil, a renda que separava os brancos 10% mais ricos, com 30 anos ou mais, dos demais 90% nessa faixa etária era R$ 6.111,4, em 2019. No mesmo recorte para os negros, esse rendimento de transição caía para R$ 3.076,8, uma diferença de 98,6%.

A maior discrepânc­ia regional era no Sudeste: 115%. Em ordem decrescent­e de desigualda­de vinham Nordeste (87,8%), Norte (66,9), Centro-oeste (70,7%) e Sul (64,6%).

Segundo especialis­tas, os fatores estruturai­s que limitam o acesso de negros a melhores condições em todo o país, independen­temente de suas variações locais, requerem um conjunto de medidas contundent­es e coordenada­s. (Folha)

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