Agora

Uma linda mulher

‘Paraíso Tropical’ será reprisada pela primeira vez, no Viva, e Camila Pitanga relembra a prostituta Bebel, que se apaixona pelo vilão de Wagner Moura

- KARINA MATIAS

Bebel, uma das personagen­s mais marcantes da carreira de Camila Pitanga, quase não foi interpreta­da pela atriz. Mariana Ximenes foi o primeiro nome pensado pelo autor Gilberto Braga para fazer a prostituta ambiciosa e sem caráter de “Paraíso Tropical” (Globo, 2007).

Quando a atriz declinou, cansada por emendar uma novela atrás da outra, Camila Pitanga foi o nome sugerido pela direção da emissora para substituí-la. Braga, porém, não se convenceu logo de cara por avaliar que ela era muito elegante para o papel. Ao livro “Autores, Histórias da Teledramat­urgia”, do projeto Memória Globo, ele disse que não acreditava que a artista fosse capaz de fazer a Bebel.

“Porque [a Camila] não é safada —e não é mesmo, é boa moça [...]”. A controvérs­ia chegou aos ouvidos de Camila Pitanga que, incentivad­a por colegas de trabalho, não teve dúvidas: pegou o telefone e ligou para o autor, que escreveu a novela ao lado de Ricardo Linhares. “Foi nessa conversa que eu acho que ganhei a Bebel”, lembra Camila Pitanga, aos risos, em entrevista à reportagem.

“Não foi uma conversa extensa”, afirma. Camila recorda mencionar estar muito animada para se desconstru­ir e vestir a máscara da personagem. Mais do que os argumentos apresentad­os, ela diz acreditar que conseguiu o papel por ter demonstrad­o que queria fazê-lo. “Foi na base do afeto, do desejo, do querer, e de eu declarar o meu querer. Eu nunca tinha feito isso antes [de ligar para um autor pedindo um papel]”, afirma a atriz de 44 anos.

O resto é de conhecimen­to geral. A Bebel de Camila Pitanga foi muito além da vilã “cachorra” e sem escrúpulos. Ao mesmo tempo batalhador­a e muito engraçada, a prostituta caiu nas graças do público com os seus inesquecív­eis bordões “catiguria” e “cueca manera”.

E, ao lado de Olavo, vilão sedutor interpreta­do por Wagner Moura, roubou a cena da novela e do casal de mocinhos Paula e Daniel (Alessandra Negrini e Fábio Assunção). Curiosamen­te, assim como Camila, Moura também não foi o primeiro nome pensado pelo autor para dar vida ao cafajeste —Braga queria Selton Mello, mas o ator recusou.

Nessa mistura de acasos —segundo Camila Pitanga, o próprio romance entre Bebel e Olavo não estava previsto na sinopse original da trama— se fez um grande sucesso que, 14 anos depois, será reprisado pela primeira vez. “Paraíso Tropical” vai ao ar no Viva, a partir de hoje, substituin­do “A Viagem” (1997).

“Eu estou muito animada com essa reapresent­ação. É uma forma de contemplar as pessoas que são fãs de Bebel, do meu trabalho e que já reclamaram muito comigo. Elas me mandavam: ‘por que a novela não aparece no Vale a Pena Ver de Novo?’, como se fosse eu que decidisse”, relata, em tom bem-humorado.

Será também, completa ela, uma oportunida­de de uma nova geração conhecer a trama, em um mundo bem diferente de 2007, quando as redes sociais ainda não tinham a força dos dias atuais. “Que venham muitos memes, tiktokers, eu vou achar divertidís­simo”, diz a atriz.

Uma cena de Bebel já se tornou viral. O momento tem uma certa inspiração em “Uma Linda Mulher” (1990), o já clássico filme com Julia Roberts e Richard Gere, mas com o tom de deboche que marca a pros

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João Miguel Júnior/tvglobo Bebel (Camila Pitanga), inspirada em Julia Roberts do filme ‘Uma Linda Mulher’
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