Desempenho do Corinthians desaba com Cantillo vigiado
Peça fundamental na saída de bola, volante é cada vez mais bem marcado
A chegada de Victor Cantillo ao Corinthians, no início de 2020, representava uma tentativa de romper com um modelo de jogo vitorioso, mas que apresentava sinais de desgaste. Pedido por Tiago Nunes para ditar o ritmo no meio-campo alvinegro, o colombiano tinha uma característica diferente dos volantes que passaram pelo Timão na última década —imposição física e forte presença na área rival.
O jeito muitas vezes desengonçado esconde uma virtude poucas vezes vista no futebol dos dias de hoje: um volante que busca o jogo com os zagueiros e faz a ligação, com bolas longas e nas costas dos laterais rivais, para que os atacantes estejam sempre no mano a mano com os marcadores.
O que se tem visto no Campeonato Brasileiro até aqui é que, quando os rivais pressionam Cantillo, o desempenho do Corinthians cai. Contra Palmeiras, Bahia e Sport, atuando mais livre em campo, o camisa 24 articulou o meio de campo do Timão.
No Dérbi, por exemplo, Cantillo tocou 86 vezes na bola, sofreu quatro faltas, perdeu quatro vezes e tentou 14 lançamentos, com 12 acertos, de acordo com dados da plataforma Sofascore. Na ocasião, o Corinthians finalizou nove vezes, sendo quatro no gol. Teve 48% de posse de bola, trocou 458 passes e acertou 24 de 45 bolas longas. Assim, o Corinthians não dominou nem foi dominado pelo Palmeiras e saiu do Allianz Parque com o empate por 1 a 1.
Marcação pesada
Quando enfrentou o Red Bull Bragantino, porém, a vida de Cantillo não foi nada fácil. E o desempenho do Corinthians despencou. Foram cinco chutes ao gol defendido por Clayton, apenas dois na meta. Além disso, o time trocou apenas 367 passes e teve 42% de posse de bola. Tentou 51 lançamentos e acertou só 22. A precisão em lançamentos longos é uma das principais características de Cantillo, que foi acionado só 65 vezes durante aquela partida, sofreu cinco faltas, perdeu 11 bolas e acertou apenas dois lançamentos. O líder do Brasileiro venceu por 2 a 1 na Neo Química Arena.
Nos empates com Bahia e Inter e na vitória sobre o Sport, o colombiano voltou a ter mais liberdade em campo. E o Timão produziu, trocou mais passes e finalizou mais a gol.
A marcação dura sobre o volante se repetiu no truncado 0 a 0 com o São Paulo, que colocou Liziero em sua cola —a produção de ambos foi praticamente nula.
Cantillo é fundamental para o Timão ter uma saída de bola limpa. Os adversários sabem disso e tentarão sufocá-lo. Resta saber como o técnico Sylvinho vai contornar o problema para que o Corinthians possa construir suas jogadas ofensivas sem tanto sufoco. (UOL)