Barreira psicológica
Aseleção brasileira masculina de basquete tinha uma tarefa difícil no Pré-olímpico de Split, na Croácia, com rivais europeus tradicionais em busca de uma vaga em Tóquio. Mas qual não foi a boa surpresa quando a equipe do técnico Aleksandar Petrovic apresentou um jogo técnico, forte na defesa e certeiro no ataque, passando com facilidade por Tunísia (83 a 57) e Croácia (94 a 67), e atropelando o México nas semifinais (102 a 74).
Nesse ponto, a expectativa inicial parecia ter ficado para trás, mostrando que o Brasil tinha chances reais de se classificar, qualquer que fosse o rival na decisão.
Na final, porém, um grande fantasma apareceu: a barreira psicológica. Aquele time de jogo fluido e pontaria certeira não apareceu em quadra e os jogadores, nervosos, passaram a cometer muitas faltas, perdendo o controle das ações e sendo presa fácil para os alemães. No fim, derrota por 75 a 64 e o adeus à vaga olímpica.
Assim, a seleção masculina se juntou à feminina e à equipe de basquete 3 x 3 que deixaram o basquete nacional fora de Tóquio. É a primeira vez desde os Jogos de Montreal-1976 que o país não tem um representante na modalidade.
A seleção feminina também deixou a vaga escapar ao perder para Porto Rico por 91 a 89 no Pré-olímpico.
Nos dois casos, o Brasil tinha bola para garantir a presença nos Jogos, mas a pressão do momento decisivo diminuiu a confiança dos atletas.
E não é uma questão de fazer caça às bruxas e apontar culpados. O problema aqui é a maneira como se encara as decisões no país: é ganhar ou ganhar. Quando a confiança não está enraizada no dia a dia, qualquer pressão a mais pode fazer a equipe desabar.
É por isso que um trabalho psicológico é tão necessário aos atletas. Em quadra, já mostramos mais de uma vez que temos condições técnicas de brigar pela vitória, mas a falta de confiança e de equilíbrio emocional torna isso impossível.
O basquete nacional terá mais um ciclo olímpico para quebrar essa barreira.