Circo amazônico
Depois de dois anos seguidos de aumento de devastação da Amazônia, novos recordes negativos aparecem. Em junho, os sensores oficiais detectaram na região o maior número mensal de focos de queimada desde 2007.
E não para por aí. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que o equivalente ao dobro da área da cidade de São Paulo foi desmatado no primeiro semestre deste ano.
O governo de Jair Bolsonaro enfrenta esse cenário trágico com uma tabelinha improdutiva entre as Forças Armadas e o Ministério do Meio Ambiente. Já o Ibama está cada vez mais sucateado, por cortes de verbas e de funcionários.
Na prática, o vice Hamilton Mourão encena grandes ações na região que trazem poucos resultados, e o ex-ministro Ricardo Salles desmontou o que funcionava. O governo só quer maquiar a imagem do Brasil para não passar vergonha na reunião sobre crise do clima, a COP26 de Glasgow, em novembro.
A operação Verde Brasil 2, por exemplo, custou cerca de R$ 500 milhões no ano passado e neste. Apesar disso, de janeiro a dezembro de 2020, foram desmatados mais de 8.000 km² na Amazônia, maior cifra em uma década.
No Ibama, mesmo com a demissão de Salles do Ministério do Meio Ambiente e o afastamento de Eduardo Bim da presidência da agência, o desmanche continua. Hoje há menos de 50% dos analistas ambientais previstos, sem perspectiva de preencher vagas abertas. Outros cargos, como analistas e técnicos administrativos, passam pela mesma situação.
Proibir queimadas por alguns dias e encher a selva de soldados sem capacitação mostra o que Bolsonaro pretende conseguir na Amazônia: nada.