Ex-diretor da Saúde é preso sob acusação de mentir a CPI
Em depoimento, Roberto Dias negou cobrança de propina e reforçou negociação paralela de vacina
BRASÍLIA O presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM) determinou nesta quarta-feira (7) a prisão do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, exonerado do cargo do governo de Jair Bolsonaro na semana passada após denúncia de pedido de propina revelada pela Folha de S.paulo.
Aziz afirmou que o depoente mentiu em diversos pontos de sua fala e por isso determinou que a Polícia Legislativa “recolhesse” o ex-diretor do ministério.
“Ele está mentindo desde a manhã, dei chance para ele o tempo todo. Pedi por favor, pedi várias vezes. E tem coisas que não dá para os áudios que nós temos do [Luiz Paulo] Dominghetti [vendedor de vacinas] são claros”, afirmou Aziz. “Ele vai estar detido agora pelo Brasil, pelas vítimas que morreram”, concluiu
Ao justificar a ordem de prisão contra Dias, o presidente da CPI citou áudios revelados pela CNN Brasil e que contradizem a versão do ex-diretor sobre o encontro com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply.
A decisão de Aziz foi apoiada pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDBAL). A dupla é crítica ao governo Bolsonaro e já havia ameaçado prender outros depoentes.
Dias prestou depoimento no fim da tarde desta quarta na sede da Polícia Legislativa, no subsolo do Congresso. Seria lavrado um termo circunstanciado e, em seguida, um termo de fiança. Caso concordasse em pagar, ele seria liberado.
O auto de prisão assinado por Aziz aponta contradições nas informações prestadas pelo ex-diretor. “O depoente optou conscientemente por não se retratar a respeito de qualquer termo do seu depoimento”, afirma o documento. (Folha)