Muralhas decisivas
Goleiros Ederson e Martínez assumem protagonismo de Brasil e Argentina na Copa América
Quando Brasil e Argentina se encontraram na semifinal da Copa América de 2019, Ederson era reserva de Alisson na seleção brasileira e Emiliano Martínez não estava nem no radar da equipe argentina.
Dois anos depois, em novo reencontro dos rivais sulamericanos, desta vez na decisão do torneio continental, ambos não são apenas titulares de seus times como foram protagonistas da campanha que colocou brasileiros e argentinos na final da atual edição.
O clássico que decidirá a Copa América de 2021 acontece no próximo sábado (10), às 21h, no Maracanã.
Campeão da última edição da Premier League com o Manchester City (ING), Ederson foi o goleiro que passou mais jogos sem ser vazado na competição: 19. O número representa mais da metade de partidas que ele disputou na liga (36).
Acostumado à sombra de Alisson na seleção, o arqueiro de 27 anos recebeu oportunidades de Tite nos últimos jogos e correspondeu com atuações seguras.
Diante do Paraguai, em junho, pelas Eliminatórias, foi titular em Assunção e passou em branco —triunfo brasileiro por 2 a 0.
Uma das razões para ter sido escalado foi a sua qualidade com os pés, vista pela comissão técnica como trunfo para fugir da pressão imposta pelos paraguaios, além de ajudar no início da construção ofensiva da seleção e também pela possibilidade de ligações diretas para os atacantes, repetindo o que faz no City.
Para a Copa América, Tite resolveu fazer um rodízio no gol, mas Ederson foi quem mais jogou até aqui com três partidas. Titular nos dois compromissos do mata-mata, ainda não sofreu gols no torneio.
Na estreia contra a Venezuela, vitória por 3 a 0, Alisson foi o escolhido. O arqueiro do Liverpool (ING) também jogou no empate por 1 a 1 com o Equador, o último jogo da fase de grupos, com o Brasil já classificado. Weverton, do Palmeiras, atuou contra a Colômbia no triunfo por 2 a 1.
Já o goleiro do Manchester City, que enfrentou o Peru duas vezes (fase de grupos e semifinal) e o Chile, não foi vazado. Números e desempenho que o credenciam para a titularidade na final contra a Argentina, ainda que Tite evite cravar o atleta para a decisão.
“Temos três grandes e extraordinários goleiros. Talvez o momento possa ser determinante para a escolha”, disse o técnico.
Surpresa hermana
Se na seleção brasileira o rodízio serviu para aumentar a competição entre goleiros consolidados no grupo, oportunidade que Ederson tem aproveitado, na Argentina a questão sobre a camisa 1 é mais urgente.
Com Emiliano Martínez, porém, o técnico Lionel Scaloni parece resolver um problema que a equipe carrega desde a Copa do Mundo.
Às vésperas do Mundial da Rússia, o titular da posição, Sergio Romero, sofreu uma lesão no joelho que o tirou da competição.
Sem Romero, o então treinador Jorge Sampaoli apostou, sem sucesso, em Willy Caballero, que falhou na goleada por 3 a 0 sofrida para a Croácia.
Diante da Nigéria, o dono do posto foi Franco Armani, que seguiu como titular. Semifinalista na Copa América de 2019, ele agora vê Emiliano Martínez ganhando cada vez mais protagonismo.
Nascido em Mar del Plata, o goleiro de 28 anos foi formado no Independiente (ARG), mas rumou ainda jovem para o Arsenal (ING).
Emprestado para clubes pequenos do futebol inglês e espanhol, Martínez só foi ganhar uma grande oportunidade no Arsenal aos 27 anos, quando aproveitou a lesão do titular Leno. Foi importante na conquista da Copa da Inglaterra e da Supercopa inglesa.
O argentino, entretanto, sentiu que não teria novas chances com o retorno de Leno à equipe e apostou no interesse do Aston Villa para seguir com o seu processo de afirmação e crescimento. E acertou.
Martínez terminou o Inglês com 15 jogos sem sofrer gols, em uma equipe que na temporada anterior havia terminado uma posição acima da zona de rebaixamento. Com o argentino em boa fase, foram 11º.
Titular nos últimos dois compromissos pelas Eliminatórias e também ao longo de toda Copa América, Martínez passou três jogos sem ser vazado e foi o herói da classificação à final.
“O Brasil tem um timaço, são os candidatos [ao título], mas nós temos um grande técnico [Scaloni] e o melhor do mundo [Messi], e vamos para ganhar”, disse Martínez. (Folha)