Drama familiar à riqueza: veja fase de Jacó que começa em ‘Gênesis’
‘Ele acerta e erra, por isso há identificação’, afirma Miguel Coelho, que interpreta o personagem na juventude
A trajetória de um homem passível de erros e acertos, que ao longo dos anos se transforma e prospera após o reconhecimento de Deus. Essa é a base da história bíblica de Jacó, que desde ontem tem sido exibida pela novela “Gênesis” (Record).
Intérprete do papel na fase jovem da trama, o ator Miguel Coelho diz acreditar que a sintonia com o público será imediata. “O Jacó é um homem cuja história vai ensinar quem está em casa. Ele acerta e erra, por isso há identificação. Se muitos personagens bíblicos parecem inalcançáveis, este é mais um de nós”, diz o ator. Na fase mais adulta, o personagem passa a ser interpretado por Petrônio Gontijo.
A história de Jacó tem altos e baixos, e é carregada de dramas pessoais e familiares. Segundo Gerson de Moraes, professor dos cursos de história e teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, há muitos fatos que podem ser utilizados à exaustão na construção de uma narrativa televisiva. “É o drama da ascensão do herói que em algum momento atinge o ápice e vira sinônimo de sucesso ao prosperar e enriquecer. A história de Jacó é interessante, pois trata-se de um sujeito que desde o nascimento acaba sendo envolvido em polêmicas.”
Ainda segundo Moraes, o nome Jacó, no hebraico, pode significar tanto “apanhador de calcanhar” quanto “enganador”.
Jacó é filho caçula de Isaque (Henri Pagnocelli) e Rebeca (Martha Mellinger), irmão gêmeo de Esaú (Cirilo Luna). Jacó nasceu agarrado aos calcanhares do primogênito.
E será com ele que Jacó terá seu principal conflito e que desencadeará uma fuga de casa. Rebeca, por algum motivo, tem mais apreço por ele do que por Esaú e ambos traçam um plano para enganar o filho mais velho e o pai, Isaque, que a essa altura já estará cego.
“Isaque é ludibriado e passa a bênção espiritual de primogenitura para o filho Jacó, algo que deveria ser feito a Esaú. Jacó também consegue enganar o irmão ao oferecer um prato de comida em troca desse direito”, afirma o professor.
O direito de primogenitura era uma espécie de poder concedido ao filho mais velho que herdava muitas das posses do pai. Ele também recebia privilégios e a posição de chefe social e religioso da família.
Porém, depois que descobre que perdeu para sempre o direito e que foi superado por Jacó, Esaú corre atrás do irmão, que foge para a Mesopotâmia para morar com o tio Labão (Breno Leonne). Mas quem acabará sendo enganado será Jacó.
Com a promessa do tio de trabalhar durante sete anos para receber a mão de sua filha, acaba ludibriado ao final desse tempo por Labão com a mão de outra filha, Lia (Michele Batista). Dessa forma, Jacó acaba trabalhando mais sete anos para poder ter o amor de Raquel (Thais
Melchior), quem ele queria desde o começo. “Personagem complexo com muitas surpresas, pois sua vida é uma montanha-russa. Há momentos divertidos, alegres, com conquistas, mas outros mostram dramas familiares, briga com o irmão”, conta o ator Miguel Coelho.
No tempo em que trabalha para Labão, a família de Jacó cresce. A esta altura, terá filhos com ambas as esposas e com algumas servas. Os 12 filhos, no futuro, formarão as 12 tribos de Israel. Enquanto Raquel, a preferida, só consegue dar dois filhos a ele, Lia dá sete.
Encontro com Deus
Uma das passagens mais marcantes da trajetória de Jacó é o encontro dele com Deus. Em determinado momento da sexta fase de “Gênesis”, ele terá briga física com Deus e será ferido próximo à coxa.
Após essa briga ele mudará de nome e passará a se chamar Israel. “Com essa mudança ele deixa de ser enganador e passa a ser príncipe de Deus”, afirma o professor Moraes.
Esse será o momento em que Jacó resolverá voltar ao antigo lar para fazer as pazes com o irmão Esaú. Jacó/israel terá prosperado e estará rico. “A fase de Jacó é muito rica. Mesmo ele sendo tido como um enganador, ele chama a atenção de Deus. Ele não é perfeito. O público vai gostar disso. Não se trata apenas da chegada ao objetivo, mas do caminho percorrido”, diz Coelho, que na história envelhecerá 20 anos.
“Jacó consegue o que mais queria quando não tinha nada. E muita gente que passa por situações difíceis hoje vai perceber que mesmo no pior momento podemos conquistar o que queremos. Eu me identifico com a perseverança do personagem”, diz Coelho.
Quando Jacó já for idoso, o filho José será vendido pelos irmãos e disso surgirá a sétima e última fase de “Gênesis”, quando José se tornará uma espécie de ministro do Egito.