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Artista admite não gostar do apelido famoso de ‘Ro Ro’

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duas amigas minhas, uma advogada, que me tiraram de lá.”

Tudo isso é “chato pra caramba”. “Mas levo na esportiva.” “A indignação não diminui. Mas eu falar sobre a minha parcial surdez é uma alegria, porque estou ouvindo você”, diz ao repórter. “A falta de 50% da audição complica na hora de cantar, mas não é lindo eu ter os outros 50% que ouvem? Não estou observando o olho que não enxerga. Estou feliz por estar vendo com o outro. “Sou irritantem­ente otimista.”

A origem

A cantora se aproximou da música aos seis anos de idade, quando sua mãe a presenteou com um acordeão. Depois, ganhou um piano de um amigo de seu pai, que tocou até os 15. Decidiu não seguir na vida de conservató­rio. “Fiquei uns anos mais ouvindo música do que tocando. Aí comecei a escrever uma coisinha ou outra, um blues, um rock.”

“O pessoal se juntava na praia pra fazer luau, tinha muita gente importante: Evandro Mesquita, da Blitz, o Dadi, do A Cor do Som. Mesclou tudo. Dali por diante fiquei mais no blues.” Dos 21 aos 24 anos, ela morou em Londres, onde trabalhou como faxineira e garçonete e, à noite, pedia para cantar em bares.

“[Na capital inglesa] Jards Macalé, Gilberto Gil e Caetano Veloso me convidaram para tocar uma gaitinha no LP ‘Transa’. Toquei na faixa ‘Nostalgia’, a última do disco. Eu tinha 22 anos. Eles me pagaram uma merreca boa lá! Olha que chique!”

“Eu era meio que mascote do Cinema Novo, sabe? [O diretor] Glabuer Rocha me adorava, aquela paixão platônica. Pessoas dessa magnitude e talento sempre me receberam com muito carinho”, lembra ela.

É inspirada em Glauber que ela mantém “pedacinhos de papel” espalhados pela casa para anotar ideias. “Ele escrevia em tudo quanto era canto. Também faço isso”, diz.

Para o futuro, Angela tem planos de escrever um livro —talvez não biográfico. “Tenho poemas, coisas que podem virar contos e crônicas.”

Na música, ela diz já ter ideias em discussão: um projeto de regravação de suas canções ao lado de outros intérprete­s e um convite para gravar um novo disco —o último álbum autoral dela foi “Selvagem”, de 2017. (Folha)

Angela diz não gostar do apelido “Ro Ro”, que ganhou na juventude por conta de sua voz grave e rouca. “Mas agora está tarde demais, acabou ficando oficial.”

Ela também não curte ser chamada de senhora. “Pelo amor de Deus! Te mando para um lugar que você não vai saber voltar! [risos]”, brinca, gargalhand­o outra vez.

E odeia ser perguntada sobre o suposto namoro com uma mulher 50 anos mais jovem noticiado em março. “Me recuso a perpetuar infâmias e coisas surreais”, diz, ameaçando desligar o telefone caso o tema seguisse.

“Estou sozinha faz muito tempo. Mas estou bem acompanhad­a por mim. A mulher da minha vida sou eu primeiro.”

Ela não teme o avançar do tempo. “Já envelheci! Sou velha há 11 anos, né?”, brinca, contando o tempo passado desde que chegou aos 60, marco da terceira idade. “E no meu caso, é uma dádiva.”

Libido na maturidade

“Minha voz está forte, a minha memória também, o que é motivo de orgulho e amargura. Dou conta de fazer as minhas coisas. Viveria até os 200 anos”, segue a cantora, que diz só ter descoberto a libido na maturidade.

“Brochei a vida inteira. A libido, pra mim, ainda é uma novidade. Só na terceira idade é que fiquei libidinosa. Na minha juventude toda eu evitei muito o sexo. Engraçado, era uma época em que todo mundo dizia amor livre… Só se for pros outros, porque eu era trancadona”, afirma Angela, que não sabe o motivo de essa descoberta ter ocorrido agora. “Sei lá. Fiquei véia tarada [gargalhada].”

Angela se compara à “mangueira centenária” plantada no quintal de sua casa: “uma véia danada que teima em dar frutos. É como eu”.

“Apesar dos traumas físicos que me causaram, não estou dodói. Tô legal. Acho fantástico isso. E, dependendo do ângulo e da luz, como Fernanda Montenegro diz, eu até saio muito bonita nas fotos”, diz. (Folha)

Na hora que ele deu [o golpe], falei: ‘Ai, meu útero’. O sujeito falou: ‘Sapatão não tem útero’. Vou discutir?

A cantora sobre uma das agressões que sofreu

por ser lésbica

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Divulgação - 28.fev.96 Acima, Angela Ro Ro em 1996; à esquerda, nos dias atuais, a cantora em sua casa em Saquarema, no Rio de Janeiro; e, abaixo, o post da artista em sua página do Instagram, pedindo ajuda financeira
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@Angelaroro no Instagram

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