Delta pode driblar anticorpos de pessoas curadas e vacinadas
Ainda assim, estimativas das taxas de eficácia dos imunizantes ficaram acima de 60%, diz estudo
A variante delta do coronavírus Sars-cov-2, causador da Covid-19, consegue escapar da ação de alguns anticorpos que o organismo produz após infecção ou vacinação. O vírus também é capaz de driblar alguns anticorpos monoclonais, proteínas feitas em laboratório para combater o invasor.
O estudo que traz os resultados, publicado nesta quinta (8) na revista científica Nature, mostra que uma maior vigilância é necessária para conter a variante, recentemente detectada na cidade de São Paulo.
A delta foi registrada pela primeira vez na Índia e é apontada como a principal responsável pelo surto de Covid-19 que abalou o país asiático no início deste ano, com recordes sucessivos de casos e mortes causadas pela doença. Dados do Reino Unido e dos Estados
Unidos mostram que ela já é a principal fonte de novas infecções nos países.
Evidências recentes já indicavam que a variante delta é mais transmissível do que as outras, pode gerar sintomas ligeiramente diferentes e também pode levar a mais hospitalizações. Ainda não se sabe se a delta pode causar mais mortes.
Os cientistas isolaram o vírus a partir de uma amostra de secreção nasal de um paciente infectado pela variante e o replicaram em laboratório. Depois, passaram a fazer tentativas de neutralizar o patógeno usando os anticorpos monoclonais ou o soro de 103 pessoas que tiveram a doença. Os pesquisadores também testaram o soro de 59 pessoas que receberam as vacinas da Pfizer/ ou da Astrazeneca.
“A variante delta demonstrou uma resistência maior à neutralização dos anticorpos de pessoas que tiveram a doença e não se vacinaram, especialmente após um ano da infecção”, escrevem os autores.
As vacinas Pfizer e Astrazeneca demonstraram eficácia estimadas maiores do que 60% contra a variante após a vacinação completa, mostrando que os imunizantes são a melhor forma de prevenção. (Folha)