Agora

Polícia conclui que tumulto em Paraisópol­is foi iniciado por PMS

Inquérito afasta tese de legítima defesa na ação que causou 9 mortes; advogados refutam acusação

- ROGÉRIO PAGNAN ARTUR RODRIGUES

A Polícia Civil de São Paulo concluiu que a morte das nove pessoas durante um baile funk na favela de Paraisópol­is, em dezembro de 2019, ocorreu em decorrênci­a de um tumulto provocado pela ação de um grupo de policiais militares.

A conclusão está no relatório de indiciamen­to assinado pelo delegado do DHPP (departamen­to de homicídios) Manoel Fernandes Soares, e afasta a tese de legítima defesa sustentada pelos PMS e aceita pela corregedor­ia.

“Diante do exposto até aqui, verifica-se que, objetivame­nte, a atuação do pelotão da 1º Companhia e Força Tática M-16011, em ambos os entroncame­ntos da via em que se realizada o baile da DZ7, deram causa à correria de multidão de pessoas para a viela e à subsequent­e morte das vítimas”, diz.

Ainda na avaliação de Soares contida no documento, embora tenha dado causa às mortes, os policiais militares não tiveram a intenção de matar. Por isso, o delegado indiciou nove policiais militares por homicídio culposo. Ao todo, participar­am da ação 31 PMS.

Segundo a versão dos policiais militares, houve uma perseguiçã­o a uma dupla de criminosos em uma moto. Eles teriam fugido em direção do baile funk, que reunia cerca de 5.000 pessoas naquela madrugada, o que provocou o corre-corre e o pisoteamen­to de vítimas. Também disseram que foram atacados com paus e pedras pelos frequentad­ores do baile funk.

Minutos depois, os policiais teriam sido informados de que havia uma série de feridos em um beco próximo. Ao todo, 9 pessoas morreram e 12 ficaram feridas.

Por configurar uma excludente de ilicitude, o oficial responsáve­l pelo inquérito policial militar pediu o arquivamen­to ao Tribunal de Justiça Militar. O Ministério Público solicitou, porém, novas diligência­s que, segundo consta, ainda estão em andamento. (Folha)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil