Após prisão, senadores apoiam Aziz, e Planalto torce por racha
Aliados do presidente da CPI admitem mal-estar, mas dizem que situação será superada
BRASÍLIA Auxiliares do presidente Jair Bolsonaro dizem ter considerado uma arbitrariedade a prisão do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias durante depoimento na CPI da Covid e esperam haver um enfraquecimento do grupo de oposicionistas e independentes que hoje controla a comissão.
Os membros do colegiado, por sua vez, reconhecem que houve um certo mal-estar, mas buscaram mostrar nesta quinta-feira (8) unidade, apoiando publicamente o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM).
Logo após a prisão de Dias, exonerado do cargo na semana passada após denúncia de pedido de propina, integrantes do Planalto afirmaram que o ato foi desmedido e acusaram Aziz de abusar de prerrogativas.
Na audiência, Aziz afirmou que o depoente mentiu em diversos pontos de sua fala e por isso determinou que a Polícia Legislativa recolhesse o ex-diretor.
“Ele está mentindo desde a manhã, dei chance para ele o tempo todo. Pedi por favor, pedi várias vezes. E tem coisas que não dá para Os áudios que nós temos do [Luiz Paulo] Dominghetti [vendedor de vacinas] são claros”, afirmou Aziz. “Ele vai estar detido agora pelo Brasil, pelas vítimas que morreram.”
Após a prisão, ministros de Bolsonaro reconheceram reservadamente que outros depoentes também entraram em contradição na CPI, mas não foram presos. Por isso, o espanto com a decisão de Aziz.
No entanto, eles comemoraram o fato de a prisão não ter recebido o respaldo de todos os senadores do grupo de seis senadores independentes e da oposição. A comissão é formada por 11 titulares.
A torcida no Planalto é para que a divisão marque um racha no grupo. A expectativa deles é que a ala majoritária da CPI perca força e enfrente novas dificuldades de coordenação, beneficiando o governo. (Folha)