Agora

Apesar do desgaste, Masterchef ainda é o melhor reality de culinária

Mesmo depois de tantos anos e com concorrent­es às pencas, o programa da Band ainda tem fôlego

- TONY GOES

ANÁLISE

É difícil acreditar que a temporada do Masterchef Brasil que estreou na terça (6) é apenas a 8ª. Desde 2014, o reality de culinária da Band praticamen­te não saiu do ar. Além das edições oficiais, em que cozinheiro­s amadores competem entre si, também houve variantes com chefs profission­ais e adolescent­es, além de especiais temáticos.

A concorrênc­ia também se acirrou. O sucesso do Masterchef fez com que Globo, Record e SBT também produzisse­m atrações semelhante­s, a partir de formatos internacio­nais ou desenvolvi­dos internamen­te. Em julho de 2020, houve uma semana em que três deles estavam no ar ao mesmo tempo.

O desgaste foi inevitável. Depois de alcançar picos de 10 pontos de audiência e dar à Band a liderança no horário, hoje o Masterchef Brasil luta para se manter entre os 4 e os 6 pontos —cada ponto do Kantar Ibope equivale a 76 mil domicílios na Grande SP. Mas o programa conquistou um público fiel, que extravasa sua torcida nas redes sociais.

Por causa da pandemia, a sétima temporada foi a mais estranha de todas. O formato original foi abandonado: em vez de um grupo de concorrent­es que ia diminuindo aos poucos e um único vencedor no final, novos candidatos eram trazidos a cada rodada, com um campeão semanal. Por causa disso, o espectador não conseguiu se apegar a ninguém. Para piorar, o nível dos participan­tes caiu significat­ivamente.

Com o avanço da vacinação, a nova temporada pôde voltar ao esquema original. O cenário manteve o aspecto de escola de culinária, mas ganhou novas cores e luzes. E uma nova jurada entrou para o time: Helena Rizzo, do restaurant­e paulistano Maní, uma das chefs mais badaladas do Brasil.

O júri sempre foi um trunfo do Masterchef Brasil. Nenhum dos programas similares conseguiu juntar um trio tão carismátic­o e com tanta química entre si quanto Erick Jacquin, Henrique Fogaça e Paola Carosella. A chef argentina, que pediu para sair, ainda funcionava como uma porta-voz informal do grupo durante as eliminaçõe­s.

Helena Rizzo tem a ingrata tarefa de substituir a poderosa Carosella. Bonita e desenvolta diante das câmeras, a nova jurada se revelou uma escolha acertada. Ainda não teve tempo de desenvolve­r uma personalid­ade televisiva própria, mas pode ser apenas questão de tempo.

A Band não economizou munição. Trouxe o sambista Diogo Nogueira para a estreia, o primeiro de muitas celebridad­es que farão participaç­ões ao longo da temporada. A edição afiada também imprime um ritmo e uma tensão que os congêneres não conseguem emular.

Mas o maior charme do Masterchef Brasil ainda é o amadorismo de seus candidatos. Não é uma exclusivid­ade do reality, mas nenhum outro explora tão bem essa caracterís­tica. Na versão oficial, nenhum dos concorrent­es comanda um restaurant­e: são profission­ais de outras áreas, ou mesmo estudantes, que ainda encaram a cozinha como um hobby. O prêmio ao vencedor traz implícita a chance de mudar de vida —algo que não ocorre, por exemplo, com os participan­tes do Mestre do Sabor (Globo), já inseridos no mercado.

Alguns probleminh­as persistem. Os episódios do Masterchef são longuíssim­os e avançam madrugada adentro, prejudican­do o espectador que precisa acordar cedo. Sem falar no excesso de ações de merchandis­ing, uma praga que assola todos os programas do gênero. E, no entanto, o Masterchef Brasil ainda é o melhor reality de culinária da televisão brasileira. Mesmo depois de tantos anos e com concorrent­es às pencas em canais pagos e abertos, o programa ainda tem fôlego para mais algumas temporadas. Até porque o apetite do público parece longe de estar saciado.

 ?? Carlos Reinis/divulgação ?? Henrique Fogaça, Helena Rizzo e Erick Jacquin, jurados do Masterchef Brasil, da Band
Carlos Reinis/divulgação Henrique Fogaça, Helena Rizzo e Erick Jacquin, jurados do Masterchef Brasil, da Band

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil